domingo, 12 de dezembro de 2010

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM PÓS-HIBERNAÇÃO



Hemiedria

Objeto Abjeto
Não luzo
Abjuro o abajur
O cancro do candelabro
Inumo
Inúmeros helmintos
O hematoma
A hérnia
Herpes na película
O filme era ruim mesmo
O limo na língua
O estilo barroco
A argúcia da argila
Arguíram-no de assassino
Simples símio
Assaz de liberdade
A sursis.

sábado, 9 de outubro de 2010

Ausência


O cátulo ladra para a latência
Fique longe
Lapônia no láparo
Até a distância
Lapidar à laringe
Distorcer o sentido da palavra
Lá se foi minha última esperança
Algum distúrbio
Que seja túrgido
Para compensar a displicência
De um dia lasso
Dispensado mais um desamor
Diáfano no diafragma
Fragmentos do frágil
Hábil até o hall
Onde o hálux tem alergia ao háfnio
Alegria com a habanera
Era harto
Agora a habena é habitual
Há pouco o que dizer sobre tudo
Haplologia como ideologia.

sábado, 25 de setembro de 2010

Augusto dos Anjos



Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Adoxografia

elogio de pessoas ou coisas que não o merecem


Estrábico não vês que é estranho
O estanho como substância adstringente
Admirável adipocera
Adjacente ao adro
Sua adipose
Só tem pose
Posses possíveis
Estrebucha o bucho no estreito
Mais um quimera em meu quintal
Mera coincidência
Mira coníferas
Análagos cones
Sem adrego
Isto está em persistir em desânimo
Fiz apartes para o apático
Fiz aquilo adrede
Premeditação como prêmio
Para o prelúdio da preguiça
E o prélio?
Armistício para o místico
Seu truísmo
Minhas petas em pétalas
Mais um petardo que estruge.

sábado, 11 de setembro de 2010

Doação de Órgãos



Resquícios de mim

À noite não havia mais resquícios do óbito
Tinha o sangue meticulosamente sido diluído em água
E no ambiente pairava aquele silêncio que recua
De quem não queria falar no delito
Ou suicídio?
Tudo corria normalmente
Do ferimento escorria o sangue afluente
Agora arredio
O suor inútil do cabelo rente
Como se nada tivesse acontecido adjacente
Como o que aconteceu no meio-fio
Fosse pura casualidade
Encontrá-lo aqui
Quando meu cadáver obstrui
A passagem da padaria de um homem de meia-idade
Para um lupanar
De uma linda gazela
Que olha para mim com cautela
E começa a rezar
Pronto para a autópsia sem demora
Meu fígado vai para aquela velha gorda que sempre vestia vermelho
Não teria ela um espelho?
Ela parece ser a cúmplice de todos os assassinatos quando cora
Onde está meu rim?
Naquele bêbado que não consegue nem chegar em casa
Pensa que e fênix sem asa
Quando dorme fumando seu cigarro
Sempre acordava com a camisa pegando fogo
O que meu estõmago faz neste manequim escaleto com bulimia?
Adiposa vai ser despedida do seu emprego de anorexia
Quando demagogo rogo
Desculpas aos meus intestinos
Por estarem em uma meretriz com hemorróidas
Que às escondidas
Tenta disfarçar seus defeitos
Ditoso remate para meu coração
Lateja no peito do meu ardor
Poetisa sem noção
Agora ela vai aprender a estimar
Meus sentimentos e alentos
Sem ressentimentos.

sábado, 28 de agosto de 2010

Amnésia



Sem alamirés

Nenhum alvitre
Sequer eflúvio
Nada mais para alavercar
Vetusto minuto
Secular segundo
Uma hebdômada obsoleta
O centenário do centauro
Nascido hoje
Suicidar-se por estrangulação
Pelo cordão umbilical
A centopéia dentro da centrífuga
Arcaico desejo
Esculpido em penedo
Hieróglifos sem hífen
Brita depois peneira
Encontrado o pechisbeque
Arqueologia de subsistência
No arquivo o quilômetro
Sua alameda no Alasca
Distância que alivia.

sábado, 14 de agosto de 2010

Plágio de mim mesmo

Litólatra

 Restou apenas o título
 Para não ir para o limbo
 Epíteto como epítafio
 Titubeante tiziu
 Como um títere 
A restauração
Concerto de metáforas
A conclusão que sou lastro 
Ela epiginia
Incompatíveis
Só as pedras do rim entendem o meu âmago
Avenidas com avelãs
Aleia aleijada
Tudo às avessas
Tudo parece ser atraído pelo aleatório
 Há uma esquírola na esquina 
Esqueleto esquecido na esquerda 
Como esquivar-se da influência deletéria desse ambiente?
 Esse sem essência
 Essa essência de essexito
 O éssedo calcava todos os ímpetos de vingança
 Próxima a estação a estafilectomia
 Minha úvula fixa à entrada da residência.


                                                       EPR

domingo, 8 de agosto de 2010

Piscatória 2


Encargo áqueo
Por não ser néctico
Era puíta
Navífrago sem piedade
Fui promovido para âncora
Difícil aquerenciar-se
Um cargueiro atraca no píer
Precisava desabafar desvarios
Difícil não necear
Antes de tudo desabar aquerôntico
Nem todos os rios deságuam no mar
Isto lhe despraz
Algo desabrocha
Não tem pétalas
Mas desafia os oponentes
Com acúleos
O desprezo era sutil
Tão déspota
Que posterga detalhes.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sensacionalismo


Referência Maldita

Se falo da gangarina matriz
No púlpito declamo o decote
Da filha do delegado
Cintura delgada
Aparece um ímpio e redargúe
Se orféico tanjo o inaudível
Era do coreto que indagava
O correto seria o retro
Se descrevo uma praça
Às vezes gangética
Queria gapinar
Mas com todos os rios poluídos
Apenas pólux se salva
Um praça armado espreita
A gangorra quebrada
Sinônimo da senectude
De um senegalês que brada
Essa geringonça nunca funionou mesmo!
Sengas do pueril
A pucela que na janela
Deglutia seu pudim de puba
Não adianta o sutil
Extremos extraviados
Tenho que exprimir o homicídio
Encontraram meu homizio
Com referência ao assunto acima
Nada tenho a declarar.

sábado, 17 de julho de 2010

Frio,neurônios congelados


Tudo arrufa
O arrulho
Meu ársis arritmico
Seu arrebique
Como arrebol
À revelia do cálido
Calino arrepio
Ao redor arrefeçado
Não resta nem uma aresta
O arreito arriou
Sem opção arrogo-te
Arrepsia em tudo
Sem arremate
Arte do ártico
Todo esse arro
Mesmo sob o domínio do arreísmo
Olhar de arrúgia
Aljofre congelado.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Revolução de 1932



Depois do estampido
O estandarte estânico
Estendido na mesa como toalha
Com o plúmbeo em punho
Estatuiram o estável
O esterno não agüentou até o estero
Toda estenia estipendiada
Ao esticado o esterlino
O estratego na estratosfera
Um estrangeiro estrangula com a úngula
A estréia da estrela ignorada
Sua estratégia era o erário
O érbio sobre o eremita
O túlio sobre a gelatina
A varga capturou apenas um badejo
Ainda tem o Tejo
Granjeou apenas uma ponte
Direções contrárias.

domingo, 27 de junho de 2010

100 postagens ou pastagens?


Nunca pensei que pudesse durar tanto tempo
Evo evocável
Evitável às vezes
Quando a evaporação de sentimentos
É evidente
Evolar-se é preciso
Quero ficar visível
Por isso a peleja
Com a mágoa
O godeme
Golpes da górgone
Sou seixo
Sem eixo
Com orgulho cito o gorgulho
Minto pela gorja
Sem gorjal
Tudo o que gorou
É aproveitável
O grou ofuscou o apo
Quando tudo se aproxima.

sábado, 19 de junho de 2010

Escritos do Silêncio



Acusma

Alucinação auditiva; fenômeno de acústica pelo qual se tem a impressão de ouvir vozes humanas e ruídos.

Vou parar de incomodar-te
Um silêncio ensurdecedor
Nem com um aculálio
Mexo os lábios
Decibel decidido
Crocito e não te cito
Acumulação da acuidade
Boa acústica
Acusação de açular
Cronometro o tempo que você leva
Para a virar a página
Para tirar a média
E o mesmo tempo
Para olvidar-te
Enquanto me decomponho
Como acuera
Fez um açude para minhas lágrimas
Ah!seu decote
Sem cotil
Este cotó literário
Dexou-me cotó
Ah!sua coxa
Minha cova
Era mesmo uma croca
Algo me preocupa
Meu crocidismo
Seu acúleo
A culpa e toda sua
Se fosse algo como o algodão
Falta açúcar
Tudo muito agro
Seu peso na conciência.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A Revolta Continua




Quadriculado

Qualificado seu quadrúpede
Qual o calibre?
Qualquer calhorda que agride
Quão grande que não se mede
Meu ódio mudou-se para outra quadra
Sequiu até seu quarto
Estampou um quadro
Que retrata uma quaresma esfolhada
Qualquer dia desses irritado
Cometo um quase-delito
Na qualidade de delírio
Vejo tudo quadriculado
Quartã revigorado nasua ausência
Quanto quantum absorvo
Quartzo como estorvo
Quarentena para minha essência
Percorri vários quarteirões a pé
Esforço inútil em quantidade
Para ver seu quadril á vontade
Quando aparece seu Quasímodo no sopé
Depois de um quatríduo
Esqueço você quando quadrialado
Adejo da quadrela sangrando
Quadrelo me confunde no recuo.

sábado, 12 de junho de 2010

Rancor Profundo


Execro-te tanto assim
A ponto de exinanir
O seu exílio de mim
Exemplar exenteração
Deixe tudo na êxedra
Ao edaz exógamo
Edéias sobre edelvais
O edema na edição de bolso
Seu êxodo
Minha remição como remendo
Sem remissão da remetida
Não rememoro
Emigra que eu emito emoção emoliente
Se minhas lágrimas
Provocam sua micção
Rema de onde eu emano
Rêmoras à remugir
O renal que faz rendas
Abjuro-te abajur
Quando o escuro abastece
Seu abate até atear a discórdia
Abdico essa falsa dicotomia
O dicrotismo
Uma abelha sobre meu abdômen
Domem meus impulsos
Enquanto durmo.

domingo, 6 de junho de 2010

IMBRÍFERO 3 :ZIMBRO=CHUVA


Zetacismo

O zimbro no zinco zizia como um zeugo
Enquanto eu zingo em ziguezagues
Em seu zênite sem zelo
Há um zeugma agre
Que zimbra o zimbro
Sem zunir para zurzir este zinho
Este ode que é zambro do limbo
Às vezes é zanho
E a zimeose sem cura
E um zurro fanho
Estranho estralo por zangrilhar sem culpa
Meio zonzo
Zarro por você zarelha
Sou um zangão e zavo
O zesto e groselha
Sua sobrancelha me deixa zarolho
Rôo seu zigoma que sangra o papiro
Zampo tudo como se fosse manga
Quando queria ser apenas zéfiro
Que desmancha suas madeixas sem zanga
Ou talvez um zefir com respiro
Que cobre o cobre com zelo
Que oculta o seu íntimo que zarro
Mesmo sem atracar em seu zênite de gelo
Que é gêmeo da neblina
Zumbi para o bizarro.
 
                                                                                  EPR

sábado, 22 de maio de 2010

Botânica



Há fungos dentro do funil
Emadeirar o metal
Conclusão de um desmatamento
Cogumelo melodramático
Sem coima
Na coifa causa coceira
O coice do ginete
O prurido que punge
O pule
O trote de cortar sua crina
O crisântemo em crise existencial
Na cristaleira pensa que é cristal
Antes uliginário
Agora metálico
Agárico que se agarra
Em meu agasalho
Algo álgido
Iguarias iguais
Ígneo no iglu
Aguapé no ágape
O agraço não agrada
Com o agrafo
Fecho os lábios
Deixo tudo ágrafo.

Ednei Pereira Rodrigues

sábado, 15 de maio de 2010

Sobre o tempo


Ocaso

No dia em que meu pai
Não deu corda nos relógios
O clepsidra afunda
Mil náufragos
Soçobro também
Netuno tentou manter a ordem
Faltava harmonia
Haurir hábitos
Não amanheceu
A plenipotência do plenilúnio
Não se ouviu o galicínio
Impera o silêncio
A penumbra
O umbrífero é imbrífero
Em certas ocasiões
Perde-se o controle
Lhana tirania
Seu metodismo metafísico
Metal contra a metáfora.

domingo, 2 de maio de 2010

Niilismo 4




Não Crie Expectativas...

O prazo expirou
Antes do combinado
Detalhes determinantes
Deteriorados pelo óbvio
Ninguém ficou sabendo
O que aconteceu uma hora atrás
Personagens perto do precipício
Procura-se sempre um motivo para abandonar tudo
Faltar com conhecimento de causa
A causa de uma doença
Cauterizar uma ferida
Cautela para tudo
O cacau não libera mais endorfina
Fina endrômina
O cérebro não é mais cerebrino
Não há nenhuma cereja na cerejeira
Onde está Ceres?
Não sinto mais fome
Sem cerimônia para o que cerro
Antes era tudo cérulo
Certificado para a certeza
Errante rancor
Não dê atenção aos meus sentimentos.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mais do mesmo




Prisão Preventiva

Dentro da priaca
Prioridade para os devaneios
Gênero de primeira necessidade
Pior se fosse prístino
Réu de retumbar
Recente não sente o pitoresco
Sem receio de piançar
Ricochetear rimas
Nem repararam os priscos
O priapismo
Por seu primor de prímula
A cura
Às vezes mula
Não entende meu olhar lírico
Prolixo quando eu lacônico
Cada piscadela
Equivale a um desejo
Mente liberta de limitações.

sábado, 24 de abril de 2010

Aqui e ALITERAÇÕES em qualquer lugar




Prece para um Precipício

Preciso de um precipício
Para precipitar este preamar
Que me afoga como a presteza de um préa
Precoce suicídio com silício sem prensar
Sem pensar no cilício que pressinto
Antes do préludio que preparo
No prélio esqueci seu prenome sucinto
Minto o que sinto com prestígio
Culpo a pressão atmosférica
Prejudicial ao pretume
Sem perfume na prefloração
Culpo a presbiofrenia
Sem mais preâmbulos no prefácio
Sou precito
À pregar o prego
No seu ego preensor
Ainda pressinto
O óbvio é obtuso no pré-consciente
Quando faltam pretextos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Espaço Esparso3




Metacismo

Onomatomania depois das perseidas
Sua análise meticulosa
Torneia menecma à uma rosa
Torneira exsuda minhas lágrimas
Mogigrafia ao moldar uma escultura
Mogorim seu megálio
Aturde o hálito
Como maresia figura
Quando seu nome rima com meridiano
Tenho como meta
Você planeta
Mais próxima que o Sol diáfano
A utopia da pia
Elemento metálico deflora
A mecânica da metáfora
Rubiginosa memória
Vontade férrea
À deriva de minha epífora
Membrana sinovial leitora
Meio-vôo fértil
Tens pétalas no pescoço
Metade meandros
Por onde eu sangro
No meio de um losango esboço
Um morango volúbil
Mordido pela métrica
Coloria-se com a rubrica
Como seus lábios de rubi
Meio-tom para seus olhos
Trouxe luz
Para meu escotoma que compus
Para meus sonhos.

As Perseidas ou Perséiades são uma prolífica chuva de meteoros [1] associada ao cometa Swift-Tuttle. São assim denominadas devido ao ponto do céu de onde parecem vir, o radiante, localizado na constelação de Perseus.Mais no:http://pt.wikipedia.org/wiki/Perseidas Metacismo é repetição da letra M Onomatomania,dificuldade de encontrar uma expressão ou palavra,Mogigrafia:dificuldade em segurar a caneta ou pena de escrever,Mogorim: rosa branca,Megalio: perfume,o resto nao vou traduzir!!!!!

sábado, 17 de abril de 2010

Viagem Poética 3 :Piauí&Pirineus



Piedade aos piegas

Ardido com pimenta
O pitéu causa pigarro
Indigesto picles verde claro
Servido com piaba e menta
A pianista sonâmbula de pijama
Derrama piche no piano
Drama pitoresco meio desumano
Culpa seu instrumento pitônico que descamba
Por ser pitosga
A liamba fez o cão pícaro
Farejar o píncaro
A pilastra tem lagosta na crosta
Piora o estado de saúde da pitonisa
Pílula no pires diáfano
Mesmo com piaremia que profano
Foi na pindaíba que avaliza
Para o Piauí
Profetizar primícias no picadeiro que obstrui
O primor dos Pirineus sem brisa
A piracema é pivô de um crime
Atrai pirilampos como isca
Para um prisma
De uma pintura íngreme
As piéredes costumavam ser mais modestas
Seminua na piscina
A píton sibila
Seu bote picante às avessas
Fez o bote do pirólatra afundar na aresta
Pisiforme como um pingente
No pistilo atraente
Festa picaresca depois da sesta.

sábado, 3 de abril de 2010

Girafas em meu sonho Lilás



Escrevi isto depois da hemicrania
Poesia leniente
Remendo que estanca o cruor
Exuberante alucinógeno
Há láudano na lauda
Ambas nesta ambivalência
Antes da exumação
Depois do alude
Aludir a um acontecimento passado
Reminiscências
Apenas uma palavra em um verso
Vaticinar o futuro monocrômico
Aliás o lilás
Sujeita-me a fazer o que não quero
Onde está o verde do verbo?
O índigo que digo desbotou
O fulvo virou fuligem
A fauce
Face a face
Com o fastígio.


     Ednei Pereira Rodrigues

sábado, 27 de março de 2010

Energia eólica



Evento que atrai multidões
Minha morte?
E vento que apaga a vela
A veleidade do verbo
Antes veleta
Nem um vendaval move-me
Se não fosse por você
O lêmure da biblioteca
Nunca iria conseguir
Terminar de ler o livro aberto
Esquecido sobre a escrivaninha
Contra o tempo
Para o pêndulo
Cria dunas
Da areia da ampulheta
Exíguo deserto
Secura secular
Sedento segundo
Sécio à senga
Sedulo ao que se sente
O aquilão que desvia o aquilino
Aqui é aquietador
Zéfiro que me zimbra.

terça-feira, 23 de março de 2010

Estação Escrita 3:Outono



Lapso de tempo

Registro em folhas secas
Vinte anos de solidão
Um milhar de vezes sôfrego
Uma centena de lágrimas secas
Borram o texto
para que ninguém leia
O ano bissexto
O jubileu do Judas
A junção com Júpiter
Coincidem com a gastrite
São doenças própias da idade
A saúde debilitada
Está saudade saudável
Satura o estômago insaciável
O ar saturou-se daquele seu perfume
Atmosfera soturna apazigua
Há saúvas em Saturno?
Fugidas do fulvo
Tamanduá que desjejua
Não faltou nenhum animal
Mesmo assim,a poesia
Não supera a amnésia
A modorra anual
Estava doente
Também,não é novidade nenhuma
Não temo as brumas
Desse futuro latente.

domingo, 21 de março de 2010

Piscatória




Oxiopsia

Acordo em Açores
E as cores da aurora
Indicam Açores no tórax
Horrores nos arredores
Melhoram minha oxiopsia
Há uma poça de sangue no bulevar
Eva evacua
Espontaneamente sua algesia
O nevoeiro denso
Ofuscava a paisagem
Ofíúco como modelagem
Penso no suspenso
Sem acrofobia desdobro
O ruflar do açor intrépido
Intercepto o abatido
No abatis do dendrófobo
No abatis do avicultor
Acrobata sem-pulo
Funâmbulo ignora o crepúsculo
Caio semi-oculto
Elevaram um monumento
Canéfora candorosa
Camufla a nebulosa
Extremosa que aumento
Há cantáridas no canapo
Há cânfora na ânfora quebrada
Arremessaram a âncora oxidada
Antes lastro
Lêmures movem o leme
Brumbrum do delta que disseque
A foz em forma de leque
A praia em forma de anfiteatro solene
Cardume de rêmoras como remora
Remorso remoto
Marejo um maremoto
Maremático piora.

domingo, 14 de março de 2010

INDECISÃO




Parece concreto
Mas quando o abstrato grassa
Rasa ao real
Reage ao relapso
A rejeição
Se relaciona com os acontecimentos de ontem
Com tudos
Com todos
Ricocheteia em todos os sentidos
Direções a serem seguidas
Se não for pedir muito
Sem exposição
Sem explicação
Glosas provocam glossalgia
Sua glória é a escória
Escorre esconso
Esconderijo de um ecorpião
Quando o instinto animal subjugar
Cão que parece lobo
Não uiva para Lua
Sussurra para a uva
Pedi vinho
Baco recusou
Agora ragóideo
Solicita o Sol
Às duas da madrugada
Amanhã sem razão
Sem rancor
Ancora em suposições.

terça-feira, 9 de março de 2010

IMBRÍFERO 2:Chuva ácida



Apodacrítico

Ápoto não se aproveita
Após o apóstrofe
Lágrima de grima
Escorre feito chuva ácida
Pode ser um apodo
O apogeu do apocalipse
Da apoio ao aporismo
Cria apóstema
O aporobrânquio se afoga
Desfaz o concreto
A aposta
A ostra
Ostenta este ostracismo
Refaz o abstrato
Era para ser simples garoa
Enxerto o enxofre
Ainda enxuto o enxoval
Mais fácil para a enxada
Que cava o crasso.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crítica Surrealista 3


NOTÍCIA POÉTICA:Greve de fome em Cuba

Mais quatro presos e um dissidente iniciam greve de fome em Cuba
26/02 - 13:16 - iG São Paulo www.ig.com.br
Quatro presos políticos e um psicólogo dissidente iniciaram uma greve de fome nos últimos dias em Cuba, informaram fontes da oposição e diplomáticas à agência EFE. O protesto começou após a morte do preso político Orlando Zapata Tamayo, que aconteceu na terça-feira, em Havana.
Assessor nega omissão de Lula em relação a Cuba
FHC e Marina Silva criticam política de Lula com Cuba

AFP

Orlando Zapata, em 2003
Zapata morreu depois de fazer greve de fome por 85 dias, para exigir ser tratado como "prisioneiro de consciência", status concedido a ele pela Anistia Internacional.
O corpo de Zapata foi enterrado na quinta-feira em seu povoado natal, Banes. O funeral foi acompanhado apenas por familiares e poucos amigos, em meio a forte esquema de segurança.
Os quatro presos que começaram a greve de fome são Eduardo Díaz Fleitas, Diosdado Gonzalez e Nelson Molinet, detidos na prisão Kilo 5 da província de Pinar del Río, e Fidel Suárez Cruz, que está na penitenciária de Kilo 8, na mesma região.
Os quatro fazem parte do grupo de 75 opositores condenados a até 28 anos de prisão na chamada "primavera negra" de 2003. Eles foram acusados pelo governo cubano de serem "mercenários" a serviço dos Estados Unidos.
Fleitas foi condenado a 21 anos de prisão. Os outros três presos foram condenados a 20 anos cada um. Ao fazer a greve de fome, os cinco homens pedem a libertação de aproximadamente 200 presos políticos existentes na ilha, conforme dados de organizações dos direitos humanos não-reconhecidas pelo governo.
O porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sánchez, disse à agência Efe que enviou mensagens para que os prisioneiros desistam da greve de fome. Segundo ele, a iniciativa não surte efeito no governo presidido pelo general Raúl Castro.

Dissidente

Em liberdade, o psicólogo Guillermo Fariñas, conhecido como "Coco", também começou uma greve de fome na cidade onde mora, Santa Clara.
Fariñas é um ativista político e já fez várias greves de fome nas últimas décadas, a mais famosa em 2006, para exigir acesso sem restrições à internet para os cubanos.
Segundo fontes opositoras, o psicólogo tomou a decisão de começar a greve de fome na quinta-feira, quando agentes da segurança do Estado o detiveram ao se dirigir para o enterro de Zapata.
Dezenas de opositores foram presos ou forçados a não sair de suas residências para evitar que fossem a Banes, segundo a oposição.





Estomacal

Estomagado com o estofo
Ponho estorvo
Devaneios como estoque
No estoque
Não sou estrábico
É sinto o estrabo
A comua do comuna estrugi
Comum anorexia
Sou dissidente disso
Discordo dessa disciplina
Displicente disposição
Sem dislogia
Greve do gêiser
Motivou o mazagrã
Gelatina de platina
Não sustenta
Não há marsmalows de crepom
No restaurante da esquina
Orchata para o chato
Orçaram o orco
Ordem ordinária
Orgulho Oriental
Originou origma
Orate orizófago
O fracasso do inimigo serviu de alegria
Serviu-se de uma faca para cortar os pulsos
Xenofobia não resolve os problemas
Inveja do iate do ianque.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Niilismo 3


Palavras sem nexo

Quando faltam palavras de impacto
Quando as que tem não servem
Quando não se traduz o aquém
Ficam guardados os sentimentos no abstrato
Não adianta
Adiar o adiáforo
Odiar o diáfano
Quando o opaco é opado e desanda
Diário com diarréia
Dicionário de dieta
Dicção incorreta
Dilema em uma idéia
Não adianta
O vigor aparente
De uma alínea saliente
Letra maíscula também sangra
Especula sobre uma espelunca
Coagula a medula
Mácula que trunca
Dificilmente passa da segunda linha
Parece que em certas épocas de aflição
Elas não estão em fase de procriação
E o vácuo ocupa a folha
Não venha procurando lemas
Sentidos implícitos
Segundas intenções nos escritos
Solução para todos os seus problemas
Nem toda idéia e entendida
Nem todas as rimas são sinceras
Talvez os quimeras
A Atmosfera suicida
Nem sempre a vida faz sentido
Ninguém se embriaga por acaso
Ninguém indaga o abstrato
O significado contido
Das palavras mais difíceis
Quando escrevo coevo
Elevo o enredo
Segredos fiéis
O chato e que as pessoas nem supõem
Que mais importante que as máquinas
São as idéias
E os conhecimentos transpõem
E que resultados bonitos
Nem sempre são certos como querem
Por isso podem pegar tudo que quiserem
Tudo que reflito
Tudo que faz os seus olhos brilharem
Sua mesquinharia e pressa que mostrem
O que realmente tem mérito
Deixe-me apenas com os restos
E o tempo sufuciente para entendê-los
Que as máquinas quebram no atrito
E as idéias permanecem
Ou se refazem
Quando gravito.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Cemitérios me inspiram 2:Interjeições




Futuro Próximo

Ah! devaneios
Haveis de ver esse dia
Exequíveis à existência
Basta de exéquias
Este pseudo-psiu é sonoro
Prelúdio para invocar estímulo
Upa! da pá
Não tapem meu túmulo
Ainda vivo
Adeus apenas
Para meus outros eus
Serei único ao urdir
Urano com o urbano
Antes que urubus
Pairem sobre minha carniça
Serei feliz
Nem que seja por um dia
Eita! éter que eterniza.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vestígios de insensatez

Natureza íntima das coisas


Com uma britadeira
Crio uma Lua como ofício
De um queijo sem orifícios
Orientava-se pelos pingos da torneira
Pela sua mecha
Guardada em uma bitácula
Vivo sob sua mácula
Nódoas de fácula na bochecha
Vestígios de seus ósculos
Embasam o embate
Das ondas com o disparate
Resgate de crepúsculos
Sua beleza embaça o vidro
Semelhante à bruma
Alguma duna que lido
Queria ver Algólida
Algo lida contra meu sonho lilás
Algo lido no gás,gaseifica a metáfora
Os vizinhos reclamaram do barulho
Testo a broca
No telhado a boca conversa com o marulho
Queria implantar a desordem que se desfez
Plantar uma árvore
No meio da sala disforme
Alguns alqueires de insensatez.


                     EPR

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Depois do Sólido


Líquido Lírico

Componho o insensível
Triste azul invariável
Sua presença instável
É inaudível
O som estava muito alto
De propósito
No infinito que gravito
Ouvindo este contralto
Será que consigo?
Haurir mais um copo
Para um tropo
Esquecer é preciso
Absinto para esse abismo
Que sinto
Quando distraído
Cismo com esse lirismo
Sorvo este café amargo
Depois da carraspana
Falta cana
Os panos sorviam os líquidos derramados.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

SÓLIDA SOLIDÃO:TRAVA-LÍNGUAS




Percalços

Tráfego de traços que trago
Dentro de mim tranco um traspasso
Para traduzir sem transluzir
Seus sentimentos que trajo
Sem trato
Sou um tranquilo transeunte em transe
Deixo você transparente na transversal
Fico rente ao tráfico de tráqueias
Culpa deste tracoma tramposo
Treino a solidão que treme
Dou trela para a solidão trelente
Que tresler um trenodia de minha autoria
Dou trégua para minha angústia de treso
Vejo um trenó em um tremó antigo
Sendo puxado por um trem feito de trema
Sem trelho nem trebelho
Sem trilho nem trilo
Atropela grilos gringros
Como se fosse um triunfo trivial
Atropela a ordem dos fatos
Em um trívio sem triscar
Corta a plantação de trigo de uma tribo
Por um triz não atropela meus devaneios.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Murilo Mendes




Corte transversal do poema
Murilo Mendes

A música do espaço pára, a noite se divide em dois pedaços.
Uma menina grande, morena, que andava na minha cabeça,
fica com um braço de fora.
Alguém anda a construir uma escada pros meus sonhos.
Um anjo cinzento bate as asas
em torno da lâmpada.
Meu pensamento desloca uma perna,
o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos namorados.
Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia,
um olho andando, com duas pernas.
O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força do homem.
A outra metade da noite foge do mundo, empinando os seios.
Só tenho o outro lado da energia,
me dissolvem no tempo que virá, não me lembro mais quem sou.


Dissecação
Ednei Pereira Rodrigues

A corte disse que o corte no córtex foi cortês
Mas o cruor crual foi cruzado
Inútil correr
A corrente é curta
A correnteza surta
Preso ao fundo pela âncora
Para não salpicar a cortina
Netuno apareceu em seu submarino conversível
Fez cortesia com o escafandro
E comprou o neurônio
Que pensava em você
Um corsário
Furtou minhas corricas
Rejuvenesci uns 20 anos
Bilhar com meus olhos
Vertigem bilateral
Ao bilontra sobrou apenas minha bílis
A sífilis para a biltra
Seu corrimento não era suficiente
O bímano queria minha mão
Depois não conseguiu segurar o corrimão
Façam bom proveito
Não preciso mais de nada disso
Evolui.

sábado, 23 de janeiro de 2010

São Paulo 456 anos


Cidade Oculta

Volto para casa
Envolto com a solidão
Aperto o passo desdita
Tento dispresa-la
Não paro nos resvalos
Não sento naquele banco da praça
Onde está o casal que se abraça
Não quero contagia-los
Com minha solidão fugaz
Sequita dos eremitas
Grita quando levita
Sobre mim estás
Ela sempre chega antes
Antes da antese
Cria uma antítese
Espera-me com assoantes
A beira da poeria
Dos livros da estante
A poluição constante
Na dianteira
Dentro de minha morada
Convivo com a sujeira
Resquícios da feira
Invadem depois de uma lufada
Que falta faz um lustre
Uma cachoeira
Em cada esquina açoiteira
Desço está ladeira lacustre
Quando nada preenche está lacuna
Procuro você na Luna
Quando começa este toró
Preciso de uma escuna
Que flutue na escuma
Dessa onda sem cloro
Leito em meu leito
Onde a onda
Desemboca na poltrona
Deixa-me liquefeito.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Niilismo 2



Oportunismo

Nada mudou desde ontem
E o que se aproveita
É inútil ao sentido
O óbvio adquiri forma
Devaneios cambiantes
Sob o pretexto do inevitável
O óbvio vem a calhar
Tomou coragem e disse o que queria
Sem metáforas
A rotina do devaneio
Quais são as suas pretensões?
Pensou durante uns minutos e respondeu
Esperar por um rótulo
Talvez um encômio que encomprida
Que se encontra em um encólpio
Ou em uma enciclopédia
Que explique o que está acontecendo
Aconselhável à opinião
Ao ópio
Acomodável ao óptico
Exijo discrição
Descrição quando você inefável
Encomendado ao encosto.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Viagem Poética 2: ESTOCOLMO



Estou calmo em Estocolmo
Antes estóico
Agora estólido
Nada estonteia
Depois do estouro
O silêncio
Terá algo em segredo?
Terá uma palavra de estímulo?
Que abranja to das as coisas
Abrevio tudo
Antes abrasivo
Agora brando
Ando por Gamla Stan
Deixo Stortorget me levar
Antes eruptivo
Agora inativo.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Enumeração caótica 2




Primeira de 2010!!!

Spitzers

Confundo alhos com bugalhos
O que concerne
Tira a liberdade
Como Leo Spitzer
Anti-hitlerismo hiulco
Fujo do Nazismo axiomático das palavras
Mas não da Naza
Nem do telescopio Spitzer
Se observou Cefeu,Centauro
A superfície de Plutão
Observará metáforas,devaneios
Exíguos fragmentos literários
Justiça para Júpiter
Para o Judas
Até para Eliot Spitzer
Também para o judeu
Para todos
Faltou um apóstrofe
Criado por mim
Talvez um Spittle
Seria escatológico fugir da lógica?


Glosas:apenas nessa,não sou de fazer isso,não se acostumem!!!!

apóstrofes usados nesta poesia:

A enumeração caótica foi criada por Leo Spitzer
Nascido em Viena, em 1887, lecionou em universidades alemãs de 1920 a 1933, quando, fugindo do nazismo, migrou para a Turquia e, em 1936, para os Estados Unidos, onde passou os 24 anos seguintes como professor daUniversidade Johns Hopkins. Municiado da vasta erudição que sua formação em filologia românica lhe proporcionou, e sob a influência marcante da psicanálise freudiana, Spitzer devotou-se desde o início da carreira a superar o divórcio entre linguística e literatura levado a efeito pela filologia positivista. Faleceu em 1960.
Consiste no acúmulo de palavras que designam objetos, seres, sensações, vinculados a uma idéia ou várias idéias básicas, sem ligação evidente entre si.(por isso o nome da poesia e SPTIZERS)
Eliot Laurence Spitzer (Bronx, Nova Iorque, 10 de junho de 1959) é um advogado e político do Partido Democrata dos Estados Unidos da América.
Lyman Spitzer (Toledo, 26 de junho de 1914 — Princeton, 31 de março de 1997). Considerado um dos maiores cientistas do século XX, fez grandes contribuições no campo da dinâmica estelar, da fusão termonuclear, do plasma e de toda astronomia em geral.
Entre todos os astrônomos, Spitzer foi o primeiro a sugerir a colocação de telescópios espaciais em órbita da Terra, com o objetivo de obter imagens mais nítidas de outras galáxias e astros do universo. fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki