sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crítica Surrealista 3


NOTÍCIA POÉTICA:Greve de fome em Cuba

Mais quatro presos e um dissidente iniciam greve de fome em Cuba
26/02 - 13:16 - iG São Paulo www.ig.com.br
Quatro presos políticos e um psicólogo dissidente iniciaram uma greve de fome nos últimos dias em Cuba, informaram fontes da oposição e diplomáticas à agência EFE. O protesto começou após a morte do preso político Orlando Zapata Tamayo, que aconteceu na terça-feira, em Havana.
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AFP

Orlando Zapata, em 2003
Zapata morreu depois de fazer greve de fome por 85 dias, para exigir ser tratado como "prisioneiro de consciência", status concedido a ele pela Anistia Internacional.
O corpo de Zapata foi enterrado na quinta-feira em seu povoado natal, Banes. O funeral foi acompanhado apenas por familiares e poucos amigos, em meio a forte esquema de segurança.
Os quatro presos que começaram a greve de fome são Eduardo Díaz Fleitas, Diosdado Gonzalez e Nelson Molinet, detidos na prisão Kilo 5 da província de Pinar del Río, e Fidel Suárez Cruz, que está na penitenciária de Kilo 8, na mesma região.
Os quatro fazem parte do grupo de 75 opositores condenados a até 28 anos de prisão na chamada "primavera negra" de 2003. Eles foram acusados pelo governo cubano de serem "mercenários" a serviço dos Estados Unidos.
Fleitas foi condenado a 21 anos de prisão. Os outros três presos foram condenados a 20 anos cada um. Ao fazer a greve de fome, os cinco homens pedem a libertação de aproximadamente 200 presos políticos existentes na ilha, conforme dados de organizações dos direitos humanos não-reconhecidas pelo governo.
O porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sánchez, disse à agência Efe que enviou mensagens para que os prisioneiros desistam da greve de fome. Segundo ele, a iniciativa não surte efeito no governo presidido pelo general Raúl Castro.

Dissidente

Em liberdade, o psicólogo Guillermo Fariñas, conhecido como "Coco", também começou uma greve de fome na cidade onde mora, Santa Clara.
Fariñas é um ativista político e já fez várias greves de fome nas últimas décadas, a mais famosa em 2006, para exigir acesso sem restrições à internet para os cubanos.
Segundo fontes opositoras, o psicólogo tomou a decisão de começar a greve de fome na quinta-feira, quando agentes da segurança do Estado o detiveram ao se dirigir para o enterro de Zapata.
Dezenas de opositores foram presos ou forçados a não sair de suas residências para evitar que fossem a Banes, segundo a oposição.





Estomacal

Estomagado com o estofo
Ponho estorvo
Devaneios como estoque
No estoque
Não sou estrábico
É sinto o estrabo
A comua do comuna estrugi
Comum anorexia
Sou dissidente disso
Discordo dessa disciplina
Displicente disposição
Sem dislogia
Greve do gêiser
Motivou o mazagrã
Gelatina de platina
Não sustenta
Não há marsmalows de crepom
No restaurante da esquina
Orchata para o chato
Orçaram o orco
Ordem ordinária
Orgulho Oriental
Originou origma
Orate orizófago
O fracasso do inimigo serviu de alegria
Serviu-se de uma faca para cortar os pulsos
Xenofobia não resolve os problemas
Inveja do iate do ianque.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Niilismo 3


Palavras sem nexo

Quando faltam palavras de impacto
Quando as que tem não servem
Quando não se traduz o aquém
Ficam guardados os sentimentos no abstrato
Não adianta
Adiar o adiáforo
Odiar o diáfano
Quando o opaco é opado e desanda
Diário com diarréia
Dicionário de dieta
Dicção incorreta
Dilema em uma idéia
Não adianta
O vigor aparente
De uma alínea saliente
Letra maíscula também sangra
Especula sobre uma espelunca
Coagula a medula
Mácula que trunca
Dificilmente passa da segunda linha
Parece que em certas épocas de aflição
Elas não estão em fase de procriação
E o vácuo ocupa a folha
Não venha procurando lemas
Sentidos implícitos
Segundas intenções nos escritos
Solução para todos os seus problemas
Nem toda idéia e entendida
Nem todas as rimas são sinceras
Talvez os quimeras
A Atmosfera suicida
Nem sempre a vida faz sentido
Ninguém se embriaga por acaso
Ninguém indaga o abstrato
O significado contido
Das palavras mais difíceis
Quando escrevo coevo
Elevo o enredo
Segredos fiéis
O chato e que as pessoas nem supõem
Que mais importante que as máquinas
São as idéias
E os conhecimentos transpõem
E que resultados bonitos
Nem sempre são certos como querem
Por isso podem pegar tudo que quiserem
Tudo que reflito
Tudo que faz os seus olhos brilharem
Sua mesquinharia e pressa que mostrem
O que realmente tem mérito
Deixe-me apenas com os restos
E o tempo sufuciente para entendê-los
Que as máquinas quebram no atrito
E as idéias permanecem
Ou se refazem
Quando gravito.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Cemitérios me inspiram 2:Interjeições




Futuro Próximo

Ah! devaneios
Haveis de ver esse dia
Exequíveis à existência
Basta de exéquias
Este pseudo-psiu é sonoro
Prelúdio para invocar estímulo
Upa! da pá
Não tapem meu túmulo
Ainda vivo
Adeus apenas
Para meus outros eus
Serei único ao urdir
Urano com o urbano
Antes que urubus
Pairem sobre minha carniça
Serei feliz
Nem que seja por um dia
Eita! éter que eterniza.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vestígios de insensatez

Natureza íntima das coisas


Com uma britadeira
Crio uma Lua como ofício
De um queijo sem orifícios
Orientava-se pelos pingos da torneira
Pela sua mecha
Guardada em uma bitácula
Vivo sob sua mácula
Nódoas de fácula na bochecha
Vestígios de seus ósculos
Embasam o embate
Das ondas com o disparate
Resgate de crepúsculos
Sua beleza embaça o vidro
Semelhante à bruma
Alguma duna que lido
Queria ver Algólida
Algo lida contra meu sonho lilás
Algo lido no gás,gaseifica a metáfora
Os vizinhos reclamaram do barulho
Testo a broca
No telhado a boca conversa com o marulho
Queria implantar a desordem que se desfez
Plantar uma árvore
No meio da sala disforme
Alguns alqueires de insensatez.


                     EPR

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Depois do Sólido


Líquido Lírico

Componho o insensível
Triste azul invariável
Sua presença instável
É inaudível
O som estava muito alto
De propósito
No infinito que gravito
Ouvindo este contralto
Será que consigo?
Haurir mais um copo
Para um tropo
Esquecer é preciso
Absinto para esse abismo
Que sinto
Quando distraído
Cismo com esse lirismo
Sorvo este café amargo
Depois da carraspana
Falta cana
Os panos sorviam os líquidos derramados.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

SÓLIDA SOLIDÃO:TRAVA-LÍNGUAS




Percalços

Tráfego de traços que trago
Dentro de mim tranco um traspasso
Para traduzir sem transluzir
Seus sentimentos que trajo
Sem trato
Sou um tranquilo transeunte em transe
Deixo você transparente na transversal
Fico rente ao tráfico de tráqueias
Culpa deste tracoma tramposo
Treino a solidão que treme
Dou trela para a solidão trelente
Que tresler um trenodia de minha autoria
Dou trégua para minha angústia de treso
Vejo um trenó em um tremó antigo
Sendo puxado por um trem feito de trema
Sem trelho nem trebelho
Sem trilho nem trilo
Atropela grilos gringros
Como se fosse um triunfo trivial
Atropela a ordem dos fatos
Em um trívio sem triscar
Corta a plantação de trigo de uma tribo
Por um triz não atropela meus devaneios.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Murilo Mendes




Corte transversal do poema
Murilo Mendes

A música do espaço pára, a noite se divide em dois pedaços.
Uma menina grande, morena, que andava na minha cabeça,
fica com um braço de fora.
Alguém anda a construir uma escada pros meus sonhos.
Um anjo cinzento bate as asas
em torno da lâmpada.
Meu pensamento desloca uma perna,
o ouvido esquerdo do céu não ouve a queixa dos namorados.
Eu sou o olho dum marinheiro morto na Índia,
um olho andando, com duas pernas.
O sexo da vizinha espera a noite se dilatar, a força do homem.
A outra metade da noite foge do mundo, empinando os seios.
Só tenho o outro lado da energia,
me dissolvem no tempo que virá, não me lembro mais quem sou.


Dissecação
Ednei Pereira Rodrigues

A corte disse que o corte no córtex foi cortês
Mas o cruor crual foi cruzado
Inútil correr
A corrente é curta
A correnteza surta
Preso ao fundo pela âncora
Para não salpicar a cortina
Netuno apareceu em seu submarino conversível
Fez cortesia com o escafandro
E comprou o neurônio
Que pensava em você
Um corsário
Furtou minhas corricas
Rejuvenesci uns 20 anos
Bilhar com meus olhos
Vertigem bilateral
Ao bilontra sobrou apenas minha bílis
A sífilis para a biltra
Seu corrimento não era suficiente
O bímano queria minha mão
Depois não conseguiu segurar o corrimão
Façam bom proveito
Não preciso mais de nada disso
Evolui.