quinta-feira, 31 de maio de 2018

Lugares onde nunca estive


Mudança 

Deportei de mim
a palavra rosa.
Demoli do rosto
a dor do morto.
Descolei o papel em branco
num escuro crânio.
Desertei o passo,
sombra do pássaro.
Deixei a aurora,
agora só resta uma hora.
Desfiz para permanecer
juntos o eclipse e o amanhecer.

Mário Alex Rosa


Telúrico


Tire uma rosa do jardim
É provocará um sismo em Burkina Fasso
Abalo em Bali
Mossa em Mossa
Tremor em Temoe
A ducha influência a tempestade
O rio Ducin
Deixa a solidão dúctil
Melhor conter a lenha na lareira
Se não quiser ocasionar a erupção do Lanin
Princípio da ação e reação
Quis arriscar uma arritmia
Todo arrivismo é valido
Agora que eu também faço parte do abstrato
Dessa Natureza-Morta
Único prejuízo,arrizo
O frêmito cessou
Agora podemos arar a alma
Absence Of Fear.


EPR
Glossário:
Burquina Fasso, ou simplesmente Burquina é um país africano limitado a oeste e a norte pelo Mali, a leste pelo Níger, e a sul pelo Benim, pelo Togo, por Gana e pela Costa do Marfim. Sua capital é a cidade de Uagadugu.
Mossa-Mossa é uma comuna italiana da região do Friuli-Venezia
Mossa2Marca proveniente de choque ou pressão
Temoe É uma das ilhas do arquipélago de Tuamotu-Gambier,pertence ao Taiti
O rio Ducin é um rio da Romênia,afluente do Nera 
Lanin é um vulcão em forma de cone  na fronteira entre a Argentina eo Chile.

sábado, 12 de maio de 2018

Plágio de mim mesmo




Litólatra


Só as pedras da rua da matriz me entendem
Ando taciturno ultimamente
Freia um táxi em minha frente
O chofer e a freira não percebem
O chofre por causa do chope
Caio mas logo levanto
Antes elas ouviram meu pranto
Insultos se misturam com singultos do golpe
Claudicante clássico
Desistiram do murmuré sem medula
Com minha clavícula
Casulo para o impudico
Casual encontro glabro
Com o poste obliterado
Deixo a sarjeta sem agrado
Ciumenta do descalabro
Regresso ao ponto de partida
Algo clarifica o mastro
Meu quarto
A ferida
Talvez o giroflex da polícia
Faço polichinelo na cozinha
Chamo a atenção da vizinha
Acostumada com a anestesia
No chão do quarto
Erguia-se uma coluna de livros ordinários
Sublevar um bulevar é mesmo necessário
No último ato
Deito com um paralelepípedo
Reclamou de minhas vibrissas
Ainda atiça
Quase empedro.


                                 EPR  

Inspiração trágica



http://gazetanews.com/predio-de-24-andares-desaba-apos-incendio-no-centro-de-sp/

Litólatra

Não culpe a pedra
Se ela tivesse asas,não estaria ali
Não chute a pedra
Ninguém merece tal vilipêndio
Repara que o céu se abriu
É nuvens servem de conforto
O índigo profligou o gris
Não adianta exigir refrigério do urbano
Agora que tudo é refringente
Vamos refrondar nosso catre
E sonhar com Aglaias
Bosquejar um bosque
Sem se importar com a catrefa
A tarefa de sobreviver está ficando cada vez mais difícil
Sem poesia nada faz sentido
Por isso aceito doações de metáforas
Fico te devendo um devaneio,disse um passante
Não rejeito a rímula que veio por engano no lugar da rima
Vontade de ser Rimbaud
A poesia não precisa disso para existir.

                                                                      EPR

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Anagramas urbanos



A miséria do meu ser,
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.

Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.

É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível
Pelo ruído imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crível?

                                    Fernando Pessoa


Descrição de imagem


Parcimônia

Sob o viaduto ela descansa
Vontade de ser mendiga
Diga algo sobre ontem à noite
Que não seja clichê
Fizeram fogueira aqui,estava frio
Combustão espontânea 
Viver de migalhas
Veste a metáfora que te adorna
Riam da rima pobre com ar 
Irmã da solidão
Difícil respirar na poluição
Um pouco de humanidade com rim
Eram só restos da marmita,feijão
Despe sem bespe 
A respe da raspa  
Não precisa disso
Já tens minha retina
O que eu vi em você
Algo de bom,trouxe paz.

                                   Ednei P.Rodrigues