sábado, 25 de setembro de 2010

Augusto dos Anjos



Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!



Adoxografia

elogio de pessoas ou coisas que não o merecem


Estrábico não vês que é estranho
O estanho como substância adstringente
Admirável adipocera
Adjacente ao adro
Sua adipose
Só tem pose
Posses possíveis
Estrebucha o bucho no estreito
Mais um quimera em meu quintal
Mera coincidência
Mira coníferas
Análagos cones
Sem adrego
Isto está em persistir em desânimo
Fiz apartes para o apático
Fiz aquilo adrede
Premeditação como prêmio
Para o prelúdio da preguiça
E o prélio?
Armistício para o místico
Seu truísmo
Minhas petas em pétalas
Mais um petardo que estruge.

Um comentário:

Milton disse...

o nome dele está errado né, devia se chamar augusto do demônio, assim seria muito mais ligado a sua poesia.