Ecos da Alma
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Inspiração ressonante
sábado, 9 de novembro de 2024
Descrição de imagem
Monólogo de uma retroescavadeira
Acho que errei a terceira nota; não me lembro se era um si bemol ou um lá sustenido. Ninguém vai perceber o erro, vão pensar que é uma reinterpretação criativa. Talvez até possa inspirar outras pessoas a experimentarem suas próprias interpretações. No fim das contas, a música é sobre expressão e sentir, não é? Vou me concentrar na emoção da performance e deixar a técnica um pouco de lado por agora. Quem sabe essa “improvisação” não se torna um destaque inesperado? Talvez devesse tocar uma música mais fácil, o público sempre gosta das populares, aquelas que tocam direto na memória afetiva, que todos sabem cantar junto. Mas será que essa escolha não seria uma forma de fugir daquilo que realmente importa? Qualquer coisa é melhor do que esse silêncio que paira no ar. Existe beleza nas imperfeições. Este escafoide pesado não contribui em nada. Talvez devesse escaiolar antes, para criar algo escalafobético sintético. Desista, não vou cavar sua cova. Talvez uma horta. A morte não me inspira. Com algumas adaptações, posso prever terremotos, vontade de ser sismógrafo, salvar vidas. Já cansei de destruir formigueiros. Posso estabelecer um contato com os intraterrenos, quem sabe? É claro que tudo isso soa como uma ideia improvável, mas já estive em situações onde o impossível parecia tão ao alcance. Quem disse que o abismo não pode ser compreendido? Se há seres que habitam as profundezas, talvez eles saibam algo sobre o que está oculto para os olhos comuns. Pode ser que eles tenham um modo de se comunicar, algo além das palavras, algo que se transmite através de vibrações e ressonâncias, como se as ondas do som e da terra fossem uma linguagem própria. Sua obsessão por abismos me preocupa. Talvez queira criar tembés em terrenos nivelados para compensar o seu vazio interior, um labirinto de angústias dentro de você, um lugar onde, por mais que tente, nunca consegue escapar de você mesmo. Talvez a busca por voragens seja apenas uma forma de se confrontar com o próprio abismo interior, esse vazio imenso que insiste em não ser preenchido, não importa o quanto se tente. "Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." Espero que você consiga superar tudo isso. Certamente há outra forma de lidar com isso, procure ajuda. Talvez seja difícil enxergar isso agora, mas continuar cavando abismos só vai te afundar ainda mais nas sombras que você já conhece tão bem. O vazio que você busca preencher, essa sensação de estar preso dentro de si mesmo, não será apagado com mais escavações ou labirintos criados para esconder o que você não quer encarar. O problema não é o abismo em si, mas o modo como você tenta lutar contra ele, como se estivesse sempre buscando uma saída que só te leva mais fundo.
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Metáfora edível
sábado, 12 de outubro de 2024
Inspiração Lírica
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
Lugares onde eu nunca estive
Programa de treinamento de teletransporte
Noah sempre quis conhecer Burkina Faso, atraído pela oportunidade de mergulhar em um mundo diferente e experimentar a autenticidade das tradições e da vida cotidiana local. Encontrou ali a chance de concretizar seu sonho, estava muito ansioso, era o primeiro dia de capacitação e ainda não estava acostumado com a ideia de ter o corpo desintegrado em partículas subatômicas, estava receoso, temendo que algo pudesse dar errado no processo e que ele não conseguisse chegar inteiro ou, pior ainda, que o próprio conceito de seu ser pudesse ser comprometido. Todos estavam cientes que eram cobaias de um experimento que só foi realizado uma vez e ainda estava em fase de testes, vinha a tona o que aconteceu com Kristin uma jovem de espírito vibrante e sonhos grandes, cuja vida se viu abruptamente virada de cabeça para baixo, deixando todos ao seu redor a questionar como uma existência tão promissora pôde se desviar de forma tão drástica, ela queria conhecer Paris e ocorreu uma falha na sua viagem, seu braço esquerdo foi parar na Bélgica, o direito na Alemanha, a perna esquerda na Suíça, a direta em Amsterdã. Kristin conseguiu se adaptar à sua situação estranha e continuar sua vida com um novo propósito. Ela sabia que, mesmo dividida, ainda era inteira em sua essência e resiliência intactas, um exemplo a ser seguido, ela era como um mosaico, partes do seu corpo nunca foram encontradas. O septo esteva no Egito, arredores de Cairo, na grande Esfinge de Gizé. Agora, enquanto os cientistas tentavam entender o erro catastrófico e reverter os danos, a fragmentação de Kristin se tornava um símbolo inquietante dos limites da tecnologia e das consequências imprevistas de desafiar as fronteiras do espaço e do tempo, e essa consciência compartilhada apenas intensificava a tensão no ar. Cada um dos participantes carregava uma mistura de expectativa e apreensão, sabendo que estavam na vanguarda de uma tecnologia revolucionária, mas sem garantias sobre o que realmente os aguardava. Se algo acontecer, a medicina está avançada, prometia estar pronta para lidar com possíveis imprevistos, mas a confiança nas soluções oferecidas não apagava o medo do desconhecido. O grupo se preparava, ajustando seus equipamentos e verificando os protocolos de segurança, enquanto a incerteza pairava sobre eles como uma nuvem, imensa e indefinida. Será mesmo está a solução para todos os problemas? Sim vai haver uma redução na emissão de gás carbônico mas o custo para a humanidade e a segurança individual ainda permaneciam em debate, obscurecidos pelas dúvidas e pelos desafios éticos que emergiam com cada nova descoberta. Estavam fazendo de tudo para diminuir as emissões de gazes de efeito estufa, mas a realidade se mostrava mais complexa. A tecnologia prometia avanços, mas também trazia consequências imprevistas, como novos dilemas éticos e impactos ambientais desconhecidos.
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Inspiração Onírica
imagem: 19/09/2024 Encontro Com o Processo Criativo de ÍNDIGO AYER escritora e roteirista
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Inspiração bucólica
sábado, 14 de setembro de 2024
Inspiração frugal
imagem: filme A cor das Romãs 1969 Sergei Parajanov
Esta tarde não ouvi os pombos
Leia-me com prudência, não sou pruá que você conduz sem esforço
Não quero sentir cílios roçando minha tez
Sou feito de lexemas que pesam, que se entrelaçam com teu pensamento, exigindo atenção e cuidado
Bigorna de sentimentos
Cada linha que percorres pode desviar-te do que és, pode transformar, pode fazer com que enxergues aquilo que preferias ignorar
Não busques em mim um refúgio leve; sou um espelho que reflete não apenas o que está à frente, mas o que te ronda nas sombras do teu próprio ser
Todo esse pruído que você provoca é ilibado, afinal, todos precisam rir
Toda essa pruína que você conduz, ser nêspera
Toda essa ruína e a necessidade de se reconstruir, e o impulso inevitável de se renovar, sem jamais ser o que se foi
O zéfiro não conseguiu extrair a zeína, ficaram sem a proteína
Não se sinta inferior por causa disso
A
subsistência ainda era viável.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Inspiração urbana
Itinerários
Na ladeira sentiu o sartório, o sartigalho saltitante toma a dianteira, parou para ver o sarsório tão bonito da igreja, sentir-se como um mosaico, formado por fragmentos de experiências, emoções e memórias que, embora distintos, se entrelaçam para compor a singularidade da essência. O sarrido perceptível o impedia de participar de maratonas com acrídios; mesmo assim, procurava algo que o motivasse a seguir em frente. Talvez todo esse sarrancolim constrito de um ambiente degradado, uma arquitetura inventada que ainda inspira, talvez eu seja uma pilastra deste empório, punição por apetecer um outono fora de época. Poderia ter uma poesia minha naquele outdoor, mas a realidade era outra. A poesia era algo que se perdia na pressa cotidiana, diluída no ritmo das buzinas e dos passos apressados. No entanto, essa mesma pressa que esvaziava significados também criava momentos de abertura, brechas onde uma palavra ou verso poderia se infiltrar, plantar uma ideia, uma emoção. Agora é preciso aceitar as consequências, não acreditar mais no lirismo; a humanidade perdeu o rumo depois que a confiança nas verdades absolutas começou a desmoronar. A busca por certezas deu lugar a um labirinto de dúvidas, e as grandes narrativas que outrora orientavam a civilização começaram a se fragmentar, deixando as pessoas à deriva em um oceano de incertezas. O progresso, antes celebrado, começou a ser questionado. A civilização foi tomada por um sentimento de desorientação profunda, onde cada escolha parecia carregar o peso do desconhecido. Perguntavam-se se, em meio a todo esse caos, ainda havia um lugar para a beleza e a verdade, ou se tudo estava destinado a ser apenas uma série de instantes desconexos e efêmeros, onde a esperança e a nostalgia eram os únicos faróis na vastidão de um mundo cada vez mais nebuloso. Não viu o sol se pôr, mas sabia que ele estava lá, oculto por trás das nuvens que cobriam o horizonte, uma presença constante mesmo quando não visível. A sensação de que algo essencial permanecia além da visão direta oferecia um leve conforto: dormir e não sonhar com nada; sonhos estavam proibidos, eram perigosos, os grandes responsáveis por tudo, afinal precisavam encontrar um culpado para toda inquietação predominante. A vida, com suas complexidades, parecia cada vez mais um labirinto sem saída, onde as oportunidades de conexão e descoberta se tornavam raras. As interações, cada vez mais escassas, perdiam seu valor, e cada sorriso trocado na rua, marfileno para marfar arredores, quando tudo é marga e o margalhudo com o olhar perdido no horizonte tentava encontrar um sentido em meio ao ruído da cidade. As vozes que ecoavam ao seu redor pareciam falar de um mundo que já não existia, onde a simplicidade e a beleza se entrelaçavam em cada gesto. Agora, tudo era apressado, superficial; já perdi tantos detalhes que poderiam ter se transformado em histórias. No entanto, apesar de tudo, havia uma teimosia interna, uma resistência quase involuntária que se agarrava a qualquer vestígio de significado, como uma azaléia que insiste em brotar entre as rachaduras do asfalto. Era um impulso irracional, mas necessário, para manter viva a chama da criatividade, ainda que abafada pelo peso da rotina.
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Desdobramentos vertiginosos
A Vertigem do Caos
um estranho entre
estranhos, nômade
entre escombros, procuro sem
procurar,
um não-lugar, o ventre
de látex de uma replicante
quase
humana, as ruínas enfim apaziguadas
da bombonera, as
águas que refluem
pra dentro da baía de todos
os
infernos, ali, onde a eternidade
são os dentes de estanho do
último sol
mastigando oceanos como fatias
de pizza,
lançadas ao ocaso
do fundo de um naufrágio, ante
a dança
misteriosa de um feiticeiro cherokee
Ademir Assunção
Não vai conseguir fazer chover com isso
Talvez se colocar algumas beldades dançando cancan
Cancaborrada na matiz, não vai espantar a matilha
Até a noite, o sangue vai ser diluído
Pigmeus precisam de pigmentos
Não vai alcançar nenhum resultado com isso
Talvez a coreografia esteja errada
Retese mais o braço, espiche o godemiche
Envolto na poeira, esqueceu que tinha corpo
Talvez seja corêmio
Proêmio de algo hermético
Corpúsculo disforme para o opúsculo
Não precisa mais de músculo
Agora que é crepúsculo
Côncavo e convexo grumo
Uma boa mistura para húmus
Não culpe o torso pelo cansaço iminente
Os mamilos marcescíveis que não alimentaram a prole órfã do ocapi
A única certeza que temos é a morte.
sábado, 24 de agosto de 2024
Exegeses Incongruentes
Solidão
Infusão de baixo teor alcoólico resultante da fermentação do silêncio, onde cada bolha traz à tona ecos do passado e deixa um gosto acerbo de uma ausência prolongada. Convém ser degustada em momentos de introspecção, quando o mundo lá fora se dissolve na quietude interior. Pode causar alucinações emocionais e psicológicas, transportando o indivíduo a paisagens mentais distantes e às vezes surreais, onde as fronteiras entre realidade e imaginação se tornam tênues.
Frustração
Fruto abrolhado com polpa rugosa, de sabor agridoce, que se desfaz ao toque, deixando apenas a promessa de doçura e a sensação de algo que nunca amadurece por completo. É para ser ingerido com a consciência de que não saciará, mas ensinará sobre a impermanência das coisas, sobre o sabor da ausência e a aceitação de que nem tudo que é desejado se transforma em plenitude.
Angústia
Prótese por inspiração inexpugnável (substantivo feminino – Fonética)Perrexil amplamente apreciado na culinária brasileira, onde cada prato carrega o peso silencioso de memórias e ausências. Sensação densa e persistente, semelhante a uma massa espessa que se forma no peito, feita de expectativas não atendidas e incertezas acumuladas, mistura-se com o amargo das experiências, moldando-se à forma que a mente lhe dá, podendo ser digerida lentamente ou permanecer, enrijecida, em fatias de inquietude.
Girafa
Guindaste onírico usado para erigir poemas ou outras obras literárias, ela desempenha uma função importante, ajudando a levantar e posicionar materiais pesados, metáforas & devaneios. Suas longas pernas e pescoço permitem alcançar alturas elevadas onde as ideias se tornam visíveis e tangíveis, entrelaçando-se com nuvens & estrelas. Sem predadores ela caminha livremente nas brumas do inconsciente.
Metáfora
Indumentária que a poesia veste contra as vicissitudes, pelta que a protege contra as asperezas do cotidiano. Quando ocorre a ecdise e tudo fica exposto, segredos são revelados e o que antes estava hermético se desdobra em discernimento. As palavras, antes seladas, agora se abrem como flores ao sol, oferecendo nuances e profundidades e quando o vulnerável se revela em sua essência.
sexta-feira, 9 de agosto de 2024
Inspiração acuminada
O canino não reteve a presa, era apenas uma crinia tinnula que se esquivou com agilidade. “Você não precisa disso”, alguém disse, colocando em dúvida minha existência. Então, todo aquele período de desenvolvimento foi em vão? A dúvida pairava no ar, questionando se o esforço investido realmente havia contribuído para algo significativo ou se tudo havia sido um desperdício. Talvez toda essa escuridão tenha me confundido. Tentei me concentrar, afastar os pensamentos que me puxavam para um abismo de incertezas, mas era difícil. O medo de que tudo o que fizera até agora não passasse de um erro ganhava força, e a escuridão ao meu redor parecia se fechar ainda mais, tornando cada passo à frente mais pesado e incerto. Leva-me a questionar o valor e o propósito de cada passo dado em meu caminho. Agora sei por que minha tentativa de gritar resulta em silêncio. O vazio do eco não é apenas a falta de som, mas uma reflexão sobre como, em meio à vastidão da existência, nossas ações podem parecer insignificantes, como se a própria essência do nosso ser estivesse sendo absorvida pela escuridão que nos rodeia. Sempre achei que meu problema era a aglossia, a incapacidade de articular minhas emoções e pensamentos em palavras que fizessem sentido. Uma boca que nunca vai ser beijada guarda anseios profundos. Nunca acreditei em qualquer idílio; talvez isso tenha me deixado mais ríspida e cética em relação aos sentimentos que os outros dizem sentir. Há uma proteção construída ao redor do coração, uma barreira que impede a vulnerabilidade, mas também a plena felicidade. Talvez, nessa defesa contra o sofrimento, eu tenha me isolado de momentos de verdadeira conexão, perdendo a chance de experimentar algo genuíno e transformador. Mas, ao mergulhar mais fundo nessa escuridão, percebo que a verdadeira questão não reside na falta de expressão, mas na luta interna entre o que sinto e o que consigo comunicar. O silêncio, que antes me parecia uma prisão, agora se transforma em um espaço de contemplação, onde posso explorar as nuances do que sou. Ontem dancei com sombras, e hoje, o que resta é uma sensação de estar perdida em um labirinto de incertezas, onde cada movimento parece ser uma busca por algo que permanece intangível e distante. Pelo menos, nunca terei cáries, e a arnela não causará desconforto, pois está ainda em formação. Vou ter que planger muito, motivos não faltam, esforçando-me para moldar algo significativo em meio a essa escuridão persistente, onde até mesmo a menor certeza parece um farol distante em um mar de dúvidas. É uma pequena compensação, talvez, para a imensidão de dúvidas e a sensação de futilidade que agora preenche meu ser, lembrando-me de que, mesmo nas menores certezas, pode haver algum alívio.
terça-feira, 30 de julho de 2024
Inspiração Onírica
imagem: livro de poesias do escritor Tarso de Melo-A lapso
Reflexo flexo
Só desperto depois do reflexo flexo na pálpebra
Sonhos persistem sob o travesseiro
Uma girafa lambe meu rosto
Certas situações são inevitáveis
E mesmo quando tudo ainda está diluído pelas sombras
Dou-me conta do ambiente
E
não
é uma Savana
Estava gostando de ser savanícola
Retornando à praxe, aos transtornos de sempre
As dúvidas não resolvidas, as indagações sem respostas
Será que o pilar de livros resiste?
O vento ontem estava muito forte
Assobiando pelas frestas das janelas e fazendo as cortinas dançarem freneticamente
E eu incessantemente buscando a incerteza
Áreas não ocupadas para desenvolvimento adicional
Onde o tempo parece se esticar e as possibilidades se entrelaçam em um emaranhado de sonhos não realizados.
***escrito após a leitura do livro do escritor Tarso de Melo, A Lapso
quinta-feira, 25 de julho de 2024
Inspiração Lacerante
sexta-feira, 19 de julho de 2024
Inspiração Tétrica
O mundo ainda não acabou, o cogumelo gigante ainda não apareceu, podem passear no parque. O mundo ainda está cheio de beleza e esperança, esperando para ser descoberto por aqueles dispostos a enxergar além das preocupações do dia a dia e apesar das incertezas e desafios que enfrentamos, a vida continua. Parece que está tudo bem ali, então porque o medidor de radiação está alertando? Deve ser seu relacionamento tóxico com a solidão corroendo tudo por dentro e manifestando esses alarmes, e interferindo nos momentos de paz. O céu azul e o canto dos pássaros contrastam com o alarme insistente, criando uma dissonância entre a tranquilidade externa e o tumulto interno. Olhamos ao redor, buscando algo que justifique o alerta, mas tudo parece estar em perfeita ordem.Talvez o medidor esteja nos mostrando algo mais profundo, uma manifestação física do nosso estado emocional. A radiação não vem do ambiente, mas sim das fissuras em nossos corações, alimentadas por mágoas não resolvidas e sentimentos reprimidos.Talvez o verdadeiro perigo não esteja lá fora, mas sim dentro de nós, nos cantos mais profundos da mente, onde a radiação pode ser mais devastadora do que qualquer catástrofe nuclear, a falta de empatia das pessoas é preocupante. Cada um vivendo em sua bolha e ignorando os sinais de que algo não está certo. Todos salvos em sua redoma peculiar .Quando essa bolha estourar, e ela inevitavelmente irá, seremos confrontados com a realidade crua que tentamos evitar. Será um despertar doloroso, um momento em que não poderemos mais nos esconder atrás de nossas redomas de conforto e ignorância. Será um momento de verdadeira crise, mas também uma oportunidade para a transformação.A solidão não é apenas uma sensação, é um sintoma de algo maior, algo que está contaminando nossa sociedade de forma invisível, mas poderosa.
sábado, 6 de julho de 2024
Inspiração lúgubre
sábado, 29 de junho de 2024
Inspiração Escatológica
Monólogo de uma retrete
Meu retrato ninguém vai querer tirar; não preciso de tanta exposição porque minha presença fala por si só, sem necessidade de holofotes ou câmeras para validar quem eu sou. Minha expressão é um enigma indecifrável, capturando um mistério que desafia qualquer lente. Estes flashes incomodam quando tentam revelar o que prefiro manter oculto, preservando meu mistério e minha singularidade. Não, não é a Xi Aquarii; se fosse, eu seria algum satélite em órbita, explorando estrelas, descobrindo segredos do universo. Estou satisfeita com pouco, porque o essencial é suficiente para mim. Eu proporciono alívio imediato para os que vêm aqui, garantindo que saiam mais confortáveis e satisfeitos, pois meu objetivo é melhorar a qualidade de vida deles de forma rápida, tirando-lhes do corpo o fardo que carregam e ajudando-os a enfrentar suas dificuldades de maneira mais leve. Alga na nalga, este sansei comeu sushi; deve estar fazendo algum tipo de regime, porque tem perdido bastante peso ultimamente, um exemplo a ser seguido por quem busca uma vida mais saudável e equilibrada. Sinto pena daqueles que se prostram diante de mim, como se eu fosse alguma divindade, e regurgitam tudo pela boca. Gostaria de ajudar de alguma maneira, mas estou presa neste corpo de acrílico e sinto toda sua acrinia. Toda flatulência é um lembrete de que ninguém é perfeito. Esse soteropolitano deveria comer menos acarajé para evitar problemas, e é sempre bom equilibrar indulgências com escolhas alimentares mais saudáveis. Aquele gaulês deglute bastante beterraba; minha água fica avermelhada toda vez que ele vem aqui. O consumo excessivo de beterraba pode causar beeturia, uma condição inofensiva em que a urina ou as fezes ficam avermelhadas ou rosadas. Isso ocorre devido à excreção dos pigmentos da beterraba e pode ser preocupante se não for reconhecido como inofensivo. Este boche ingere bastante brioche; dá para perceber o alto conteúdo de gorduras saturadas em seu organismo, e percebo que o sedentarismo está afetando sua saúde. O teuto deveria considerar trocar o brioche pelo têutis, um peixe saboroso e nutritivo que pode contribuir para uma dieta mais equilibrada. O alvanel parece que vai ficar o dia inteiro aqui, mesmo tendo que fazer um alvalade. Mesmo comendo alvacora, sua reira é um indicativo de que algo pode não estar bem na sua digestão. O belfécio não está se sentindo muito à vontade aqui, talvez devido ao espaço apertado, mas é neste cubículo que tudo acontece. Todo epidídimo é lídimo e ninguém vai ficar sabendo da sua monorquidia. Imperfeições, todos temos elas, sejam físicas, emocionais ou de caráter. Mas é justamente essa mistura de qualidades e defeitos que nos torna únicos e interessantes.
terça-feira, 25 de junho de 2024
Ativistas servem para que?
imagem:ativistas climáticos jogam tinta em Stoneheng
Vou vandalizar sua poesia com uma inscícia segnícia
Vai pesar mais que monólitos
Você não vai conseguir levar no bolso
Ela quer se livrar desse calabouço
Todo esse balouço incomoda a metáfora
De manopla vou depredar a copla
Toda minha opacidade desconcertante
E então, você começa a questionar se a luz jamais existiu, se foi apenas uma ilusão criada pela sua própria mente
Colocar reticências no seu primeiro parágrafo
Quando um ascágrafo é mais útil
Serei como albugínea na sua alínea
E vou variegar com varietal sua variz
Você levitara
Desafiar a gravidade para ser mensagem que o avião não conseguiu redigir
Contrails para os pássaros te encontrar
Vou plagiar seu silêncio
E não adianta colocar plagióstomos no aquário
Para uma aliteração insistente
Uma urdidura ultra-utópica.
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Descrição de imagem
Dentre todos os meus problemas, a escoliose é um dos menos graves
E, felizmente, não costuma me causar grande incômodo
Ontem até respirei mais fundo
Sem se preocupar com a poluição
Toda fumaça era bem-vinda
Liberdade sustancial irrestrita
Antes a entrada só era pelos poros
Hoje toda água que bebo
É fonte insonte onde os pássaros tomam banho
Antes tudo era insopésavel
Agora os níveis de dióxido de carbono na atmosfera são mensuráveis
Instintos insopitados que levam a agir de forma inesperada diante da situação
Considerando resoluções para insossar vínculos
Pelo menos me libertei desse deserto de dentro
Agora será mais útil, divertindo crianças
Habitar castelos que se dissipam com o vento
Melhor assim, não quero dividir minha alcova com micoses sistêmicas
Vontade de ser Duna, parte da paisagem que se transforma a cada dia
Cisco no seu olho, provocando lágrimas imprevistas.
sexta-feira, 14 de junho de 2024
Inspiração urbana
sábado, 8 de junho de 2024
Inspiração primata
Não me lembro o que eu era antes de ser poeta
Alguma coisa entre vulcão e um estertor feito de fótons
(irascível e espalhafatoso)
Todo esse anacronismo era espurco
E não aceitava toda essa combinação espúria
Precisava de algo mais, um catalisador para desencadear tudo
Um canalizador para todas flatulências
Fogo-fátuo cintilava como um segredo ancestral, entre as sombras do desconhecido
Um catalogador de memórias perdidas
Tantos déjà vus que tive, como se o passado insistisse em sussurrar segredos que o presente ainda não entendia
Será que é tão complexo reconhecer a metamorfose que ocorreu dentro de mim?
A crisálida precisava ser lida
Introdução ao desespero
Espero mais um pouco?
E o vácuo retumbante.
sexta-feira, 31 de maio de 2024
Inspiração lúrida
@matryoshkabooks
Ponto cego
Filma a glia
Vai ver que está tudo bem
Ainda estou ágil
Sei que você estava afim da fima
Nistagmo abléfaro tenaz
Zéfiro faz da cortina
Sucedânea pálpebra
Agora temos um ponto cego
Miopia induzida
Incrustadas na córnea
Neandertais de épocas já vividas
Cancelamentos aconteceram devido à neblina
O que pretende fazer?
Aproveitar o aprosopo
Aprosar a parrosa
Ninguém
vai te julgar.