A Vertigem do Caos
um estranho entre
estranhos, nômade
entre escombros, procuro sem
procurar,
um não-lugar, o ventre
de látex de uma replicante
quase
humana, as ruínas enfim apaziguadas
da bombonera, as
águas que refluem
pra dentro da baía de todos
os
infernos, ali, onde a eternidade
são os dentes de estanho do
último sol
mastigando oceanos como fatias
de pizza,
lançadas ao ocaso
do fundo de um naufrágio, ante
a dança
misteriosa de um feiticeiro cherokee
Ademir Assunção
Não vai conseguir fazer chover com isso
Talvez se colocar algumas beldades dançando cancan
Cancaborrada na matiz, não vai espantar a matilha
Até a noite, o sangue vai ser diluído
Pigmeus precisam de pigmentos
Não vai alcançar nenhum resultado com isso
Talvez a coreografia esteja errada
Retese mais o braço, espiche o godemiche
Envolto na poeira, esqueceu que tinha corpo
Talvez seja corêmio
Proêmio de algo hermético
Corpúsculo disforme para o opúsculo
Não precisa mais de músculo
Agora que é crepúsculo
Côncavo e convexo grumo
Uma boa mistura para húmus
Não culpe o torso pelo cansaço iminente
Os mamilos marcescíveis que não alimentaram a prole órfã do ocapi
A única certeza que temos é a morte.
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