Biscate
Ilumina a trilha
com a profana revelação
eu mataria para ter mais um minuto
ardoroso e doentio com você
você ainda quer me mudar?
vá em frente
eu acredito nos que se curvam por devoção
e naqueles que se esculpem
na lei da libertação e do amor
proclama a seiva duradoura
escreva cartas lascivas para a dor
quando ela estiver tentando te pregar peças
e levantar seu vestido nas festas
para acariciar tua bunda
Mostra pra mim, biscate
o preço da tua renúncia
Quando você deve de alma ao diabo
Cada gozo de
cada amante teu?
e do prazer torto
que você aprendeu
quase sozinha
e quantos altares
ergueste para a esfinge da vertigem
barcos dançando ritmados
na boca da tormenta
Quem te perdeu
e quem nunca te perdoou?
Pro inferno com todos
Você amou demasiadamente cada um deles
horas e até dias
mergulhada em estranha santidade
E não deves um pingo de afeto
a nenhum deles nem a si mesma
por ser um demônio obcecada
pela luxúria da alma
que deus te perdoe pelo seu infortúnio
um maníaco viciado roendo as unhas
comprando lingeries para professoras
chupando velhinhas
Cala-te biscate
Nenhum paraíso vai te levar
onde eu te quero
no cerne da minha existência
vermelha e medonha
contraditória e engraçada
não importa
você colocou tudo do avesso mesmo
e nem te motiva mais a grana
ou o poder sobre os homens
a lingerie na carne
não te salva mais?
mas há alento
se você ensinou um maldito a amar
agora também é teu
o reino dos céus
Rita Medusa
Carnívoros
Biscate, vou quitar apenas a bisteca, deixe-me com minha solidão. Estou bem comigo mesmo; aqui é charneca e o necator causa bastante incômodo. Foi um animus necandi de sua parte; eu entendo seu empenho, mas não posso permitir que sua lascívia me atinja. A vida já tem suas batalhas, e prefiro enfrentar meus demônios sozinho, sem mais distrações. Fez da rua seu refúgio, onde cada esquina guarda histórias de solidão e resistência, e cada olhar é um convite a um mundo que ela conhece bem, mas que sempre parece distante. Ali, entre sombras e luzes, ela busca efemeridades, momentos que aquecem sua alma em meio ao frio da noite. A solitude se tornou meu refúgio, onde as sombras se dissipam e encontro clareza. Rameira, não precisa ramear meu túmulo; deixe o outono fazer isso. As folhas caindo trazem um frescor que eu aprecio. Não quero desmanchar seu tútulo; sua peruca parece ter custado uma fortuna. Seu pensamento tunante me incomoda; o nariz adunco não favorece o tunco. Sou como um uncompagarito; toda rispidez vem de desamores. Mesmo nas aflições, há um vazio que traz entendimento. Marafaia faiante, todo faido não produz faísca e toda essa aciesia aciculiforme é justificável. Na falta de um Mar para inspirar, vou seguir a acidália como se fosse uma hidrólise para contribuir para a formação da chuva ácida. Vai deixar tudo mais corrosivo.
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