quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Inspiração umbrática



imagem: "The Unglory"-Anni Laukka

 

 

Sombra regenerativa


Indaguei sobre o livro que ela estava lendo, mas não obtive resposta

Percebi que as palavras impressas nas páginas entrelaçavam-se com os segredos de sua alma

Os catartídeos virão para a catarse da catarma

Imponha respeito com sua cataplasia

Toda catartina será respeitada

Mostre a eles a catenação de ideias

Estanca o chorume que escorre de tua coxa umbrática

Você precisa aprimorar sua fluidez; não irá muito longe assim

Muitos não respeitam os livros; rirão de sua cara

Na maioria das casas, são apenas adornos

Não reclame se alguém utilizar sua cabeça para reter líquidos

Em um mundo sedento por compreensão, nossas mentes tornam-se cálices

Onde os rios da experiência convergem, formando um oceano de pensamentos, cujas ondas sussurram os segredos das marés interiores

Seu cabelo de gaze, o vento não desmanchará

Como se fosse a panaceia para todos os males

Reconstruir-se constantemente, revelando a notável aptidão da existência em desabrochar


For Anni Laukka

Regenerative Shadow

 

I inquired about the book she was reading, but received no response

I noticed that the words printed on the pages intertwined with the secrets of her soul

The cathartids will come

Impose respect with your cataplasia

Every cathartina will be respected

Show them the chaining of ideas

Halt the leachate that flows from your umbratic thigh

You need to improve your fluency; you won't go very far like this

Many do not respect books; they will laugh at your face

In most homes, they are just ornaments

Do not complain if someone uses your head to retain liquids

In a world thirsty for understanding, our minds become chalices

Where the rivers of experience converge, forming an ocean of thoughts, whose waves whisper the secrets of inner tides

Your gauze-like hair, the wind will not unravel

As if it were the panacea for all ills

Rebuild constantly, revealing the remarkable aptitude of existence in unfolding.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Inspiração urbana

Imagem:werenotreallystrangers.co/insta:Não se culpe por ficar pensando demais em alguém que é inconsistente e causa confusão.

 
Afastador afásico



Afirmativo, é tudo isso e um pouco mais

Estou espantado com a descrição de detalhes

Não esperava tudo isso de um poste

Lamento sinceramente, mas não posso te levar para casa

Você não vai poder ser um pilar no meu quarto

Você é importante para a cidade

Sinto que não estou correspondendo às suas expectativas

Prometo empenhar-me intensamente para transcender as suas premissas e proporcionar uma experiência mais visceral

Afelearam a metáfora

Aferência ignorada

Sob a influência da ureia

O uredo não se desenvolveu

A cidade hostil rejeita ascomas

Prefere o asco dos desencontros urbanos

Onde os sentimentos se diluem nas sombras opacas da indiferença

O território está marcado pelas cicatrizes silenciosas dos vínculos que se perderam

Não fui ao escrutínio escroto

Não vou escolher o escólex

Em vez de me contentar com definições superficiais, abraço a incerteza do desconhecido, pois é lá que residem as respostas mais profundas e reveladoras.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Sugestões não atendidas

 Descrição de imagem:Hospital Beelitz-Heilstätten, na Alemanha Imagem: senorcampesino/Getty Images/iStockphoto

 

Ninguém  foi na exposição

 

    Motivos: A litotripsia proporcionou alivio ao paciente

No invólucro pandulho

Parece estar tudo bem

Glomerar no dédalo glomérulo

Abrir o embrulho para ver o que tem dentro

Pedras exigentes querem um colchão

Agora que tudo é entulho

O sonho vai ser pesado

O hiperarejamento contra o escorbuto

O portal musgoso fixa o carbono atmosférico

Uma arritmia súbita interrompeu a serenidade do momento

Não arrevese as coisas

O arriado não atrai mais o público

Arribozes algozes

É  precisa ter mais conforto

Talvez uma arrifana para o estrado

Ninguém vai se sentar sobre o tétano 

Ninguém vai se curvar para ver a treita emoldurada

Arrimo para o que está prostrando

Deveria ter explicado o motivo de tudo isso.

 

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Descrição de imagem

Imagem:Nadia Sheikh - The Shadows


Posso ficar aqui o dia inteiro

Até a arquibancada absorver tudo

Não há torcida para sombras

Público exigente quer algo épico

Sofisticado sofisma

Cavilação com cavalos sem cavidar as cavidades

Talvez uma pantomina intermitente

Uma charanga dissonante

Operístico perióstico contra o silêncio

Epítase para epitaxia

Isso faz com que a epitelização de arredores fique comprometida, podendo até ocasionar cicatrizes irreversíveis

O pierrô faz a piesimetria

Funâmbulo para a assimetria

Ninguém vai ovacionar o epicôndilo

Aclamar a aclâmide

A contemplação é inesgotável

Devo ter incorporado a cidade

Minha boca aberta não é túnel

Nem minha cabeça não serve para aterrissagem de aviões


Próxima vez venho de chapéu


Não quero atrair aeronaves


Talvez discos voadores

Não quero o escalpo.
    
                                                              EPR


to Nadia Sheikh



I can stay here all day

Until the bleachers absorb everything

There's no shade for the spectators

A demanding audience wants something epic

Sophisticated sophistry

Cavilation with horses without cavitating the cavities

Perhaps an intermittent pantomime

A dissonant brass band

Operatic periorstic against the silence

Epithasis for epitaxis

This compromises the epithelization of the surroundings, potentially causing irreversible scars

Pierrot does the piesimetry

Tightrope walker for asymmetry

No one will applaud the epicondyle

Acclaim the aclyme

Contemplation is inexhaustible

I must have embodied the city

My open mouth is not a tunnel

Nor is my head suitable for the landing of airplanes
 
Next time, I'll come wearing a hat

I don't want to attract aircraft

Perhaps flying saucers
 
I don't want the scalp.


terça-feira, 31 de outubro de 2023

Epílogo poético

 Monólogo de um hidrante


 Tentaram me afogar outra vez e o motivo: incêndio. Pelo menos dessa vez foi um motivo justo, não foi vandalismo inconsequente de jovens que só querem diversão e alívio do calor. Vingança por terem desligado o chafariz, na chafeira que tudo se encontra. Talvez houvesse uma maneira de promover um entendimento mais profundo entre os seres humanos e eu. Talvez pudesse promover a conscientização sobre a importância da água e do uso responsável desse recurso essencial. Eu tinha potencial para servir como um catalisador para mudanças positivas na mentalidade da comunidade. Percebi que minha presença como um símbolo de consciência ambiental estava impactando as pessoas. Crianças olhavam para mim com curiosidade, enquanto adultos reconheciam o valor da água. A água que eu distribuía era muito mais do que um recurso; era um símbolo da vida, da necessidade de respeitar a natureza e de usar a água de maneira consciente. Todo esse mar estagnado sendo expelido, o esguicho esguio acerta o nicho e me sinto um gêiser, pretensão apenas de não depender de mãos humanas para o ímpeto. Sucedâneo onanismo quando a infertilidade é predominante invejo o teu deserto de dentro. Esparzir sem espasmo, toda espasticidade é premeditada na premência do cáustico. Sim, vai tudo evaporar, não se preocupe com as poças, rastro para o tarso me encontrar. Toda indolência te deixa frustrado. Vão emergir dos charcos, resquícios de mim.

 

imagem:bituca de cigarro em poça de água:Andrea Colarieti


 



Inócuo tabagismo




Não tenho vícios

Não vou exagerar

A ausência de pulmão não é subterfúgio

Minha única dependência e pelo depérdito

Depauperar arredores

Deparável com o podálico

Não vou tossir está noite

Engasgar com o engástrio.


                                                                           EPR

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Continuação Contraproducente

 

Sialagogo



 Preservar a saliva ainda quente

Patranha que temos cerca de 70%

É preciso retomar o senso

Mantê-la ineloquente


Nímios desertos do âmago descenso

Não se esquiva

Isenta de doutrinação primitiva

Quando tudo está suspenso


Procura um lugar maino para desaguar

Dunas mastoides que não se movem de lugar

Corpo pérvio de egéria



Expecta o emético

Expõe o método dialético

Nada parece estar obstruindo a artéria



Pode contornar o íntimo

Vislumbrar o vis

Visitar a cerviz

Procurar a retriz do instinto



Amniótico despótico

De intenso caráter semiótico

Se incorpora por ser restritiva



Corpo pérvio de egéria

Expecta o emético

Expõe o método dialético

 

Nada parece estar obstruindo a artéria

Pode desaguar sem desaire

Ressequir sem ressentir.

 

                                                           EPR 

***Continuação da poesia Versos íntimos do Augusto dos Anjos



quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Narrativa surreal atual

 https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2023/10/01/icmbio-vai-investigar-mortes-de-mais-de-100-botos-no-am-animais-encalhados-sao-resgatados.ghtml


 Não pode ser ele, ele não pode ser nosso descendente. Veja as barbatanas, nós não as temos, nem temos toda essa destreza aquática. Não consigo ficar submersa por mais de 30 segundos, enquanto ele parece tão à vontade e ágil. Será que vou ter que treinar apneia? Será que a coloração monocromática vai mudar na puberdade? Não quero ser vítima de bullying na escola, mas também não quero esconder quem sou. Talvez à medida que cresça, eu possa encontrar maneiras de mostrar minhas peculiares idiossincrasias, que todos nós temos. Não se preocupe, a medicina está avançada; deve existir alguma cirurgia de reparo ou tratamento que possa corrigir isso. Vou conversar com um especialista para explorar todas as opções disponíveis. Vou ser um híbrido? Vou conseguir viver tanto na terra quanto no mar? À medida que os desertos de dentro estão se disseminando, sinto uma necessidade crescente de buscar um equilíbrio entre as duas dimensões da minha existência, encontrando uma maneira de prosperar em ambas. Isso será desafiador. Só espero que você não desapareça nesse vasto oceano. O que sobrou. Algum dia com vontade de explorar além do horizonte, ainda sinto alguma conexão entre nós.

                                                                                                        EPR

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Plágio de mim mesmo


Assassinato da metáfora


Não vão fazer a assepsia? Será que estão esperando o desprendimento de uma geleira no Alasca?Teve o aval da avalanche e o urso que perdeu sua casa, se vingou devorando uma família de esquimós que morava ali perto.A mácula já está adquirindo uma forma tridêntea, alguém tentando invocar o diabo? Deve ter algum exorcista por ai, antes parecia uma alga. Sem um intestino, nunca vai conseguir absorver toda essa cafeína, sem uma língua, nunca sentir o sabor do café derramado, vai acabar entrando para a fila de doações de órgãos, sendo uma cadeira de biblioteca, talvez tenha algum privilégio. Do lado esquerdo da nódoa uma melena, fez o escalpo? A autora que sentou ali, nunca mais veio, então deve ter nódoas de sangue, onde está o corpo? enterrado em cova rasa, escondido sob o carpete? Agiam normal como se nada tivesse acontecido, se eu sentar na mesma cadeira da falecida, vou herdar sua sapiência?Vão haver sinapses? Como respeito ali ninguém senta, foi feito um memorial em homenagem ao extinto.


quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Inspiração Kafkiana

imagem:Estátua Franz Kafka
“Descrição de uma Luta” (Description of a Struggle) e, no pé da estátua, há essa base ovalada e alguns desenhos no chão que remetem à uma barata, tal qual em “Metamorfose” (Metamorphosis).E quem está sentado nos ombros do outro, de chapéu, é o próprio Franz Kafka.

 

Será que quando eu começar a ronronar contra o rontó vão notar alguma diferença? Até quando vão acreditar que é uma cacofonia? Não vou impedir o voo da rondola; vou poder ser ronceiro em um mundo em que tudo parece estar sempre acelerado. A ropalose incorporada com a pilosidade vai ser difícil de disfarçar; vou ter que fazer a tosquia mais vezes, e no calor, vai ser insuportável. E a cauda e o onicauxe que começam a crescer serão difíceis de esconder, mas pelo menos minha audição vai ser apurada. Vou ouvir conversas a quilômetros de distância, como se estivessem acontecendo bem ao meu lado. Isso pode ser uma vantagem em algumas situações, especialmente para me manter informado sobre o que está acontecendo ao meu redor. Por outro lado, também vou precisar filtrar ruídos e encontrar momentos de tranquilidade. Difícil mesmo vai ser fazer as necessidades em uma caixa de areia, quando estamos acostumados a utilizar um banheiro com todas as comodidades. Mas quem sabe isso seja a nova tendência em design de interiores? Seria uma forma peculiar de tornar a hora do banheiro um momento zen, com areia fofa e um ambiente relaxante.


sábado, 23 de setembro de 2023

Narrativas urbanas

 Descobriu uma maneira contra o fartum dos tênis, servirá de ninho para os pássaros, Será que tudo melhora com o arejo? espairecer o espandongado, talvez se suspender este escrito ele se transforme em algo épico e deixe de ser píceo. Talvez se deixar dois dias pendurado no varal, como um indumento.Um panapaná virá no orto para o incentivo ao voo, a metáfora contra o ortodoxo, preocupada com a ortoépia e a ortogênese dos arredores, vendo tudo se originar ortogonalmente. Necessária ortomelia, todo esse ortomorfismo incomodava tanto que o pechoso foi solicitado. A metáfora foi responsável pelo curto circuito, vão culpar a poesia por todas as vicissitudes, tanto foi o estro a perseguição que o poeta mudo-se, agora é inquilino da inquinação, sem toda essa inquirição, vai poder viver em paz .Sua frase ficou sem sentido, ninguém entendeu, reflexo da complexidade das ideias que está tentando transmitir.Dona Gertrudes vai perder o último capítulo da novela, vai ter que procurar outra coisa para fazer, apóstrofe irrelevante após a catástrofe tudo parece estar bem mas sob a superfície, as cicatrizes do passado continuam a ecoar.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Definições do improvável

A indisciplina da indiscernibilidade, o uso indiscriminado do individualismo, como se fosse algo indispensável à vida, algo que indispôs-me o estômago na indissolubilidade do que se pensa.

             imagem:Cordilheira dos Andes


Não pensa na prensa

Na superfície densa

Talvez Andes

Escale mas não se cale

Reajo ao incerto

Se fez do caos

Raso rascunho

E no antrelunho

Fica mais difícil mesmo

Proteger informações de cunho pessoal

Ninguém precisa saber do gadunho

Talvez termine até o final de junho

Do ano que vem

Ou nunca

Pois sempre faço alterações

O espéculo do século

A nuca que me inspirei não é a mesma

O osso se formando do ócio

Parece que tudo está se esforçando para não ir para o limbo. 

                           EPR 

***Ateliê de criação literária,final do módulo 7-_literatura-montagem: Gustavo Piqueira -12/09/2023


quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Vivências urbanas

 


Réquiem sem requisitos


Sim, é sólido pode confiar no alamiré

Não vai abrir uma lerna

Aquilo lá não é uma poterna

Temblar o tembé

 

Dei 171 passos sem rumo

Escrevi 171 palavras agora

 É muito? para a extrusora 

Precisou de 171 expressões para o aprumo


171 minutos para escrever um verso

Exigiram rapidez

O discernimento sem nudez

Faltam 171 átimos para se estar disperso  

 

Todos os dias algo sucumbe no lampejo

Esconjuro?

Esconsar o inseguro

Esconsidade do que vejo

 


Não havia escoramento ao ode

Quando dito na boca ele derrete sua suculência

Desdita de subsistência

Por algo hematode


Perece a performance

Avance para o próximo nível

Sem avangar com o sensível

Vontade de ser romance



A metáfora já está em seu féretro

171 metros de diâmetro por 20 metros de altura

Para que toda essa fartura?

Exagero de parâmetro


Mural enuviado

Anamnese sem auxese

O áspero de uma exegese

Asperitas do sublimado.

 

                                                                     EPR


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Descrição de imagem_ Narrativas improváveis

 

Permaneça afastada para a sua segurança, depois que a cinestesia foi banida, a plausibilidade do platônico era algo pleno. Sei que minha aparência assusta, não tire conclusões precipitadas, mas preciso da sua iridescência para dar sentido à vida. Toda sua flutuosidade inspira o estagnado. Antes, eu dependia apenas do arco-íris, mas com toda essa estiagem, encontrar beleza tornou-se uma tarefa árdua. Toda sua limpidez purifica meus pensamentos sórdidos, e por mais que tudo seja aculeiforme, acredito que toda sua pulcritude possa fazer a diferença. Não sei de onde vem esse magnetismo pelo efêmero. Ontem mesmo, uma borboleta pousou em meu acúleo sem se importar com o perigo. Temos que valorizar cada momento, pois é a sutileza das coisas transitórias que carregam a maior beleza e significado. Acumpliciado do acuminoso na acumulação de desertos interiores.

 


 Era para ser persuasivo na perspiração do perspícuo, vou regurgitar a metáfora. O verbo acerbo é emético, talvez emerso na êmese haja o discernimento, e a ladainha parecia interminável, o pronome envolto na traqueia, propáticas proparoxítonas quando o vinho já está se transformando em vinagre. A introdução já foi um desastre, tantos clichês, o xucro apedeutismo deixando as palavras sem significado. Talvez a própria repetição das palavras seja uma estratégia de convencimento. Quando a frase é incoctível e não serve para cibalho, talvez como condimento para o que não condiz com a verdade. Mão na boca esconde o escárnio, que se faça o silêncio para o bem da humanidade, antes dos apupos, apuridar toda incoerência incoercível.

 EPR 


***Ateliê de criação literária_Módulo 7_iteratura-montagem: Gustavo Piqueira - 31/08/2023

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Diálogos Impertinentes


 imagem:filme um pombo pousou num galho refletindo sobre a existência Roy Andersson 2015


-Ei, o que acha dessa efígie? Repara a efidrose, novos padrões de eficiência?

-Sem efloração, não; os efluentes industriais incomodam e o nistagmo estarrece. Não quero sujar minhas patas naquela maquiagem excessiva. Vamos procurar um lugar mais tranquilo. Cansei de ser confundido com cocar de xavante de cócaras. Talvez no obelisco da praça; lá, sempre tem uma panacha que nos oferece milho. Dá para ver a tristeza no olhar dela, o panaço no braço esquerdo. Ela seria mais feliz se fosse uma ave, mas gostaria de variar o cardápio.

- Talvez um rasante nas mesas do boteco da esquina. Todas as quartas, tem aquela feijoada deliciosa.

-Está pensando que somos jatos supersônicos? Vai bater em uma botelha, vai perder rêmiges. Você precisa aprender a ser mais prudente. Hoje em dia está muito perigoso o adejo. Não quero que você termine sugado por uma turbina de avião.

-Você está sendo muito pessimista. Tenho toda a destreza de se destrepar deste galho ileso. Podemos ficar naquele andaime até a hora do almoço. Tem uma vista bonita da cidade.

-Oscila muito com o vento; eu tenho enjoo. Com toda essa instabilidade, fica difícil manter o equilíbrio. As rajadas de vento estão muito fortes.

-Isso é bom, assim você não precisa fazer muito esforço para voar. Qualquer economia de energia é bem-vinda.

-Isso é suicídio. Precisamos encontrar um lugar estável para ficar até que as condições melhorem.

-De certa forma, nosso voo é uma metáfora da vida, não é? Enfrentamos tempestades, oscilações e momentos de incerteza, mas também buscamos lugares de acolhimento e conforto para equilibrar nossa jornada. E, tal como as asas que nos sustentam, é a resiliência que nos impulsiona para a frente.

-Não vejo dessa forma, talvez como alguma maldição. Poderíamos ser humanos. Eles têm todas essas estruturas sociais complexas, tecnologia e habilidades que ultrapassam nossas capacidades. Ser pomba tem suas vantagens, é claro, mas há momentos em que olho para o céu e sinto uma pontada de inveja por aquelas criaturas bípedes lá embaixo. 

-Você não deveria ter inveja deles; eles têm vários vícios e se matam por nada. Nós podemos encontrar beleza na simplicidade da vida e na harmonia com a natureza, algo que muitos humanos parecem ter perdido.

-Acho melhor pararmos por aqui. Você nunca vai concordar comigo, mas não podemos negar que essa troca de perspectivas é valiosa. Afinal, mesmo com nossas diferenças, conseguimos encontrar momentos de reflexão e compreensão mútua. 

EPR

 

***Ateliê de criação literária,final do módulo 6- Ficção futurista, com a escritora Carol Chiovatto 24/08/2023            





sábado, 22 de julho de 2023

Tríade da Epifania


Abismo Existencial 

Incólume ao abismo
Longe de ser um inconveniente
Toda incoerência é uma bênção
Panaceia para toda mazela
Sem cambiar a câimbra
Este chão não é confortável ao nefelibático
Nefasto ao arrasto
Este tricúspide será só seu
Até incautos cílios roçarem seus vocábulos
O escrínio do escrito vai ser aberto
Alguma coisa escapa na oscitação
Ninguém percebeu a oscilação do corpo
A saliva amalgamada com negalho
Não retém o estro
Nego tudo até o ulo
Chulo casulo pérvio
Segredos revelados.

                                                              EPR


***Módulo 5 Ateliê de Criação Literária com Bruna Beber na Biblioteca São Paulo(foto)20/07/2023
Tema proposto:Utilizar 3 palavras que mais gosta para fazer uma poesia:Abismo,Incólume&panaceia.

sábado, 10 de junho de 2023

Continuação alitera hierática

 


Grútero

Cada dia com sua sina, nada
nas crispações do corp::;_o
_::; Mundo mudo em ti , folheando um
Livro de células e estalactites berrantes, qual
Circunlóquio do verso que treme e
cai, por se ver se lendo no abismo do
não nascido, me escolho microenlutada e nu
A entrada é a Cavidade do verbo ansiado
E estás Bem guardado, tu,
filho que vem do instante
União do brilho com o breu e
as cores da lágrima:
Vitrais do céu

                                          Luciana Moraes


Mosaico

 

 Vitrais do céu que quebro

No dilúculo o Sol segrega a borrega

Sossega, vamos resolver isso logo

Talvez o soslaio sem astenopia

Sosquinar o sosso

No ocaso discrimina a pomba

A origem do prélio

A araucária sombreia o antítipo

A origem da antítese

A vida é curta, mas infinitamente longa

Anátema do ímpio

O impidoso que impinge o implícito

Refusar o que vai refustar

Frustear para não frustar

Acabar com todo truste

Reajuste com o enfuste

Foste cruel ao partir

Dilacerando a alma em um labirinto de memórias fragmentadas.


                                                                              EPR

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Ontem à noite

imagem:Radiohead-Paranoid Android
 

Por favor, dá para você parar com este barulho, eu estou tentando descansar
De todas essas vozes de galinhas não nascidas na minha cabeça
O que é que...? (Eu posso até ser paranóico, mas não um andróide)
O que é que...? (Eu posso até ser paranóico, mas não um andróide)

Quando eu for rei, Você será o primeiro a ser colocado contra a parede
Com suas opiniões totalmente inconsequentes

O que é que...? (Eu posso até ser paranóico, mas não um andróide)
O que é que...? (Eu posso até ser paranóico, mas não um andróide)


A ambição te deixa bem feio
Chutando e gritando seu porquinho da gucci
Você não se lembra
Você não se lembra


Por que você não se lembra do meu nome?
Fora com a cabeça dele, cara
Fora com a cabeça dele, cara
Por que você não se lembra do meu nome?
Eu acho que ele se lembra...

Chuva caia, chuva caia
Vamos, chuva, caia em mim
De uma altura bem alta
De uma altura bem alta... alta...
Chuva caia, chuva caia

Vamos, chova em mim
De uma altura bem alta
De uma altura bem alta... alta...
Chuva caia, chuva caia
Vamos, chova em mim!


É isso aí, senhor
Você está partindo
O torresmo fritando
A poeira e os berros
A rede de trabalho dos yuppies
O pânico, o vômito
O pânico, o vômito
Deus ama seus filhos, Deus ama seus filhos, sim!

                                                   Thom Yorke




Permanecer sem alterações


Façam mais zaragata 
Amarra a fanfarra no tímpano 
Como um farracho, abscindi a cóclea 
A algazarra foi tanta que as algas colgam os peixes no aquário 
Chinfrim na chimela 
Consigo dormir no farrafaiado 
A omoplata pacata na noite 
Acrobata nos sonhos 
Embora você seja uma traviata 
Não tem o beneplácito para a deturpação 
Assinto só o tácito 
Eu não tinha percebido que o pesadelo era assindáctilo 
Quando tudo era assíncrono 
Meu assinclitismo notívago não te incomoda 
Ela disse que pareço um farroupo dormindo 
É tudo farruma
Mas a farrusca na pele é indício de fogo 
Aparo as arestas da farsa 
Não precisa derrubar o poste alumiado
Em Minneapolis está fazendo Sol
Você não vai conseguir abaçanar o mundo
 Não pense que vai ter minha assinatura no final 
Manter-se no anonimato 
Jamegão só no jamelão.
 
                                               EPR

sábado, 20 de maio de 2023

Inspiração crucífera

mestre Murilo Mendes tua poesia são
os sapatos de abóboras que eu calço
nestes dias de verão.
negócio de bruxas.
o sol caía na marmita do
adolescente da lavanderia.
você veria isto com
seu olhar silvestre.
um murro bem dado no vitral
que eu mais adoro.

Roberto Piva


Murmúrios do ímpeto



Mungir a munganga na munha ressequida

Não é confortável esse sapato

Sinto a pressão e o atrito constante, como se não fosse feito sob medida para mim

A cada instante, minha mente anseia por alívio

Deixar tudo amarfanhado

Engelhar o engembrado

Vontade de ser panchlora

Municiar a metáfora

Minuciar arredores

Todos precisam saber da murixaba que murmura

A origem do obsceno

Depois de tanto tempo

Esse embate me pareceu um tanto anacrônico

Algo tinha que acontecer

Suceder a conjuntura com conjecturas

Na conjugação de esforços os verbos se impõem

A celeuma na fleuma do estro

Só vai ser fértil se fletir

Como se fosse algo importante

Considerável desencovilar o ímpeto.



                          EPR




**** poesia escrita após a leitura do livro 20 poemas com Brócoli-Roberto Piva

sábado, 13 de maio de 2023

Continuação alitera lírica


Com pressa


que horas são?

je ne sais pas mi amor

salto da cama com pressa

fugindo da pressão

do apego aflitivo

ando evitando não me enrugar

nos lençóis embrulhados

e na pele que vicia,

oxitocina, como te amo!


                  Saru Vidal



Pamoato de Pirantel

A oxitocina propeli a oxítona
Não sopita oxiúros
Esbórnia no intestino
Pamoato de Pirantel
Incita oximoros
Aproxime-se só depois da oximetria
Quando a metáfora faz conluio com a maresia
Ondas se formam no texto
Espiralar o espiráculo
Preciso de mais oxigênio
Retomar a oxidação de arredores
Esboroar aquela estrutura
Precisamos de mais ruínas
Voltar ao que era antes
Quando tudo estava bem.


                        EPR

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Descrição de imagem

     imagem:túmulo do poeta Georges Rodenbach-Cemitério Père-Lachaise-França
 
 
 
Ad aeternum


O braço britadeira sem distensão
Vence a libitina
O ancôneo idôneo
Copto do deserto de dentro
Dilatar a pirâmide intrínseca
Voltaremos ao pó
A imortalidade da metáfora
Perene as vicissitudes
Resistente ao resignável
Resiliência residual
Perpétuo perpianho
Precipício vitalício
Não precisa mais de vitamina
Inativam arredores
Inibir a prática.

                                                      EPR



Epílogo


Aqui está reclusa toda uma vida invisível: só deixou ver dela e de uma muda tormenta aquilo que permite ver a água adormecida na qual a lua pousa com melancolia.A água fantasia, brilha e pareceria um céu, tanto se adorna de silenciosas estrelas.
 Oh, isca desse espelho artificial! Aparência! Enganosa tranquilidade!
Sob a branca superfície imóvel, esta água sofre; antigas dores a congelam e obscurecem. Imaginem, sob a grama, uma velha sepultura cuja lembrança a morte, pouco morta, guarda.Oh memória, pela qual até os instantes claros são dolorosos e como enegrecidos por um lodo. A água se doura com o céu, o coro de juncos cochicha; mas a falta de felicidade durou tempo demais.E esta água que é minha alma, em vão pacificada, treme de uma dor que se diria um segredo, voz suprema de uma raça que desaparece, e lamento, no fundo da água, de sino afogado.


                 GEORGES RODENBACH