terça-feira, 25 de abril de 2023

Anagramas do ínfimo



Louvre


Sempre me considerei um poeta medíocre

Afinal, tenho levado uma vida tão torta que as tábuas de madeira do piso do meu quarto já estão há muito desencaixadas

Procurei inspiração no fundo de tantas e tantas garrafas, e no fim era só um punhado de palavras aglutinadas num papel qualquer

Bateram palmas, óbvio!
Mas alguém ouviu?

Há outros corredores no Louvre, e nem todos terminam num quadro famoso

Há bons e maus,
e terríveis e incríveis,
e tantas outras dualidades torpes e imbecis

Medíocre é questão de sorte
Genialidade, uma vaga mentira

Amor é uma constante,
que pode ser encontrada no final de qualquer corredor ou poema.

                                                                                                                                                                                     Guilherme Giesta

Zona de conforto


Limitado ao óbvio ramerraneiro

Toda ramescência para o enleio 

Não produz frutos

Enliçado pelo necídalo 

Invejo-o pela metamorfose

A dolência costumaz 

Não é um empecilho 

Cadilho para o rastilho
 
Contumélias redundantes não me afetam
 
Intragáveis apupos do intragrupo
 
Regurgito encômios 

Todo escárnio no escrínio
 
Faço do escólio meu sólio 

Meu valor é intrínseco
 
Vomito o caos para entreter a elite

Deixo escorrer dos poros a confusão que habita em mim, revelando ao mundo um turbilhão de sentimentos que me consomem

Não busco a compreensão do ledor

Mas sim a libertação da minha própria alma, pois é no caos que encontro a minha verdadeira essência

E se por acaso a minha arte conseguir tocar alguém

Que seja para mostrar que o caos também pode ser belo

E o que é considerado imperfeito pode ser a perfeição em sua mais pura forma.


                                                                                                                                                 EPR
 

Nenhum comentário: