Sonho de um monista
Augusto dos Anjos
Eu e o esqueleto esquálido de Esquilo
Viajávamos, com uma ânsia sibarita,
Por toda a pró-dinâmica infinita,
Na consciência de um zoófito tranqüilo.
A verdade espantosa de Protilo
Me aterrava, mas dentro da alma aflita
Via Deus - essa mônada esquisita -
Coordenando e animando tudo aquilo!
E eu bendizia, com o esqueleto ao lado,
Na guturalidade do meu brado,
Alheio ao velho cálculo dos dias,
Como um pagão no altar de Proserpina,
A energia intracósmica divina
Que é o pai e é a mãe das outras energias!
Viajávamos, com uma ânsia sibarita,
Por toda a pró-dinâmica infinita,
Na consciência de um zoófito tranqüilo.
A verdade espantosa de Protilo
Me aterrava, mas dentro da alma aflita
Via Deus - essa mônada esquisita -
Coordenando e animando tudo aquilo!
E eu bendizia, com o esqueleto ao lado,
Na guturalidade do meu brado,
Alheio ao velho cálculo dos dias,
Como um pagão no altar de Proserpina,
A energia intracósmica divina
Que é o pai e é a mãe das outras energias!
Anatomia
para principiantes
Ednei Pereira Rodrigues
Esquálido
Esqueleto Esquecido na Esquina da Saudade
Esquivoso à
claridade
Disfarçava o
banzo
Ombrear-se
com o breu
Pousa uma
fênix na espádua
Perpétua
Tábua
Grabato para
o gracejo das gralhas
Costela
Labirintiforme
Armadilha para
pássaros
Dedilho seu
dédalo para deduzir o vazio
Falta uma vértebra
para a Verve
Espôndilo
como Espólio
Esplêndido
Esplênico
Sua
decomposição que debela
Putrefação
na Puberdade
Quebrar o
jejum com o austro
Anormal
Anorexia
Faltou as
grades para deter a grafia
Catre para
atrelar
A extração
do cateter revelou o infinito
Aliviar o
fardo à farelo.
Cruz e Souza
Ó meu Amor,que já morreste,
Ó meu Amor,que morta estás!
Lá nessa cova a que desceste,
Ó meu Amor,que já morreste,
Ah! nunca mais florescerás?!
Ao teu esquálido esqueleto,
Que tinha outrora de uma flor
A graça e o encanto do amuleto;
Ao teu esquálido esqueleto
Não voltará novo esplendor?!
E ah!o teu crânio sem cabelos
Sinistro,seco,estéril,nu...(Belas madeixas dos teus zelos!)
E ah! o teu crânio sem cabelos
Há de ficar como estás tu?!
O teu nariz de asa redonda,
De linhas límpidas,sutis
Oh!há de ser na lama hedionda
O teu nariz de asa redonda
Comido pelos vermes vis?!
Dos teus dois olhos-dois encantos
-De tudo,enfim,maravilhar,
Sacrário augsto dos teus prantos,
Os teus dois olhos-dois encantos
Em dois buracos vão ficar?!
A tua boca perfumosa,
O céu do néctar sensual,
Tão casta,fresca e luminosa,
A tua boca perfumosa
Vai ter o cancro sepulcral?!
As tuas mãos de nívea seda,
De veias cândidas e azuis
Vão se estinguir na noite treda
As tuas mãos de nívea seda,
Lá nesses lúgubres pauis?!
As tuas tentadoras pomas
Cheias de um magníficoelixir,
De quentes,cálidos aromas,
As tuas tentadoras pomas
Ah!nunca mais hão de florir?!
A essência virgem da beleza,
O gesto,o andar,o sol da voz
Que iluminava de pureza,
A essência virgem da beleza,
Tudo acabou no horror atroz?!
Na funda treva dessa cova,
Na inexorável podridão
Já te apagaste,Estrela nova,
Na funda treva dessa cova,
Na negra transfiguração!
Ó meu Amor,que já morreste,
Ó meu Amor,que morta estás!
Lá nessa cova a que desceste,
Ó meu Amor,que já morreste,
Ah! nunca mais florescerás?!
Ao teu esquálido esqueleto,
Que tinha outrora de uma flor
A graça e o encanto do amuleto;
Ao teu esquálido esqueleto
Não voltará novo esplendor?!
E ah!o teu crânio sem cabelos
Sinistro,seco,estéril,nu...(Belas madeixas dos teus zelos!)
E ah! o teu crânio sem cabelos
Há de ficar como estás tu?!
O teu nariz de asa redonda,
De linhas límpidas,sutis
Oh!há de ser na lama hedionda
O teu nariz de asa redonda
Comido pelos vermes vis?!
Dos teus dois olhos-dois encantos
-De tudo,enfim,maravilhar,
Sacrário augsto dos teus prantos,
Os teus dois olhos-dois encantos
Em dois buracos vão ficar?!
A tua boca perfumosa,
O céu do néctar sensual,
Tão casta,fresca e luminosa,
A tua boca perfumosa
Vai ter o cancro sepulcral?!
As tuas mãos de nívea seda,
De veias cândidas e azuis
Vão se estinguir na noite treda
As tuas mãos de nívea seda,
Lá nesses lúgubres pauis?!
As tuas tentadoras pomas
Cheias de um magníficoelixir,
De quentes,cálidos aromas,
As tuas tentadoras pomas
Ah!nunca mais hão de florir?!
A essência virgem da beleza,
O gesto,o andar,o sol da voz
Que iluminava de pureza,
A essência virgem da beleza,
Tudo acabou no horror atroz?!
Na funda treva dessa cova,
Na inexorável podridão
Já te apagaste,Estrela nova,
Na funda treva dessa cova,
Na negra transfiguração!
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