OS MANEQUINS
Paulo Sabino
Paulo Sabino
Os sonhos cobrem-se de pó. Um último esforço de concentração morre no meu peito de homem enforcado. Tenho no meu quarto manequins corcundas onde me reproduzo e me contemplo em silêncio.
Vitrine Viva
Ednei Pereira Rodrigues
Hemisfério Hemiplégico
Dispo-te e encontro a alude
Ebúrneo Pétreo
Sua nudez não constrange
O Pigmento do Pigmalionismo
Escoa a Esclerótica no escuso
O iceberg derrete
Sob a redoma, Imune ao impulso
Manejo o Manequim Manente
Respira, e deixa o vítreo embaçado
Encanecer para Encarecer
Difícil encarar o encardido
Encaminhar-se-á para o Abismo
Só o Báratro é Barato
Pechinchar o Pechisbeque
Antes do funeral do Fungível
Compra o que comprime
Algo que rime com o monocromático
O rucilho relincha
Ainda rufitarso?
O Psicodélico fatiga
A Monotonia do Movimento
Quelonite que queima
Quedar mas querente
A quididade do quilate.
Pechinchar o Pechisbeque
Antes do funeral do Fungível
Compra o que comprime
Algo que rime com o monocromático
O rucilho relincha
Ainda rufitarso?
O Psicodélico fatiga
A Monotonia do Movimento
Quelonite que queima
Quedar mas querente
A quididade do quilate.
Glossário:
Hemiplégico: Paralisia de uma das metades do corpo, ocorrida, na maioria das vezes, em virtude de uma lesão cerebral no hemisfério oposto.
Alude s.m. Massa de neve que se precipita do alto da montanha; avalancha.
Ebúrneo
adj. De marfim; alvo e liso como o marfim.
Báratro:abismo
Pechisbeque:ouro falso
Quididade: Qualidade essencial.
OS MANEQUINS DE MUNIQUE
Sylvia Plath
A perfeição é horrível, ela não pode ter filhos.
Fria como o hálito da neve, ela tapa o útero
Onde os teixos inflam como hidras,
A árvore da vida e a árvore da vida.
Desprendendo suas luas, mês após mês,
sem nenhum objetivo.
O jorro de sangue é o jorro do amor,
O sacrifício absoluto.
Quer dizer: mais nenhum ídolo, só eu
Eu e você.
Assim, com sua beleza sulfúrica, com seus
sorrisos
Esses manequins se inclinam esta noite
Em Munique, necrotério entre Roma e Paris,
Nus e carecas em seus casacos de pele,
Pirulitos de laranja com hastes de prata
Insuportáveis, sem cérebro.
A neve pinga seus pedaços de escuridão.
Ninguém por perto. Nos hotéis
Mãos vão abrir portas e deixar
Sapatos no chão para uma mão de graxa
Onde dedos largos vão entrar amanhã.
Ah, essas domésticas janelas,
As rendinhas de bebê, as folhas verdes de confeito,
Os alemães dormindo, espessos, no seu insondável desprezo.
E nos ganchos, os telefones pretos
Cintilando
Cintilando e digerindo
A mudez. A neve não tem voz.
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