Claustrofobia
João Carlos, 1970 – 2003.
Todos os sorrisos e farpas
de um homem na abscissa do tempo.
Cada gesto mínimo e mesmo
a explosão, outrora, de um músculo
no vazio abafado entre dois números.
E, assim, enterramos nossos mortos: espremendo.
Qual os objetos,
apertando-os para serem mais portáveis
e não gritarem para os vivos o escuro
do escuro-túmulo.
Daí eu me pergunto: Não parece castigo
colocar as datas na vida, quando a morte
já luta por espaço no esquife e, mais tarde,
pelo corpo contra os fungos?
João Carlos, 1970 – 2003.
Todos os sorrisos e farpas
de um homem na abscissa do tempo.
Cada gesto mínimo e mesmo
a explosão, outrora, de um músculo
no vazio abafado entre dois números.
E, assim, enterramos nossos mortos: espremendo.
Qual os objetos,
apertando-os para serem mais portáveis
e não gritarem para os vivos o escuro
do escuro-túmulo.
Daí eu me pergunto: Não parece castigo
colocar as datas na vida, quando a morte
já luta por espaço no esquife e, mais tarde,
pelo corpo contra os fungos?
Roleta Russa
Ednei Pereira Rodrigues
Garoa no Gare
Encontro Controverso
Imerso em outro universo
Empurra é depois urra
Faço minha mochila de escudo
Defesa contra a pressa
É um fluxo constante
Átimo ignorado
Eu como intérprete da torniquete
A catraca provoca uma catástrofe
Rente à Renque
A fila sibila
Um abismo se abre no vão entre o trem e a plataforma
O lacuteio para suprir está lacuna
Mais confronto do que conforto
Aperta a pétala
Cingir Cinquenta
Espremer o Espírito
Sem espaço para a Claustrofobia .
Claustrofobia do silêncio
Tony Saunier
Não posso ficar assim
Não devo ficar assim
Há um intervalo lá fora
Suprimido em mim
Há um domingo de pedras faiscantes
Um sol de limo em meu coração
E uma vontade infantil
Que desassossega e trai
Quando digo que não vou
Quando digo que não quero
Quando afugento o que voltou
Mas que de ti, eu sempre espero
Invento sutilezas que nos acalentem
Confissões? Já foram muitas, em cubículo escuro
Mas eu tenho saudade da primavera
Dessa grande primavera que nos visita de vez em quando:
Centelha de girassóis
Desculpa, amor, (des)culpa
Mas eu tenho uma navalha
Rosas vermelhas, cortinas esvoaçantes
E meu travesseiro é um bordô orvalhado
Sorvo o gosto agridoce da carne
E o vinho mais frugal, sedento e só
E te confesso abertamente
Sob a imaginação que te procura
Na espera que me sigas
Que sofro desse mal metrificante:
Claustrofobia do silêncio.
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