domingo, 22 de março de 2009

A solidão prevalece



Agonia de um azul denso



Amanhece chovendo
Olhar de soslaio
Ensaio um raio
Atraio papagaios tremendo
Noite glacial
Inércia constante
Silêncio unânime
Estertor visceral
Anil de um vulto
Açoite de rio
A onda desemboca no macio
Meio-dia oculto
O halo no ralo
É mais aprazível neste desnível
Abalo sísmico sem estalo
O Sol conservado em formol Para futura biopsia
Cobaia de experiência
Aquenta sem arrebol
Aquece quando anoitece
Confunde um rouxinol
Desabrocha um girassol
A solidão prevalece
Quando tudo é propenso
Os fantasmas fazem reunião na neblina
O relento me ensina Palavras ocas contra o senso
Desvendo detalhes do cais
Funerais transcendentais
Convenço o suspenso
Quando todos os defuntos parecem sorrir de algo
Apalpo o escalpo
Escapo dos insultos
Testemunha na maca
Morto por uma maça
Antes subtraia maçãs
Inócua não ataca
Agora se sente hostil
Culpada pela morte de alguém
Ninguém intervém
Fóssil sutil
Seu cérebro em putrefação evoluída
Expressa o espesso
Atmosfera densa sem apreço
Primavera suicida
Baixos e altos-relevos
Moldados em gesso
Tundra com tunda no processo
Seu sangue no mangue em sobejos
Ainda posso te ouvir
Seu esqueleto escaleto chora
Cora na aurora
Que consegue te despir.


EPR

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