domingo, 18 de janeiro de 2009

Obdurar a metáfora


Litólatra 

 Só as pedras da rua da matriz me entendem
 Ando taciturno ultimamente
 Freia um táxi em minha frente 
 O chofer e a freira não percebem
 O chofre por causa do chope
 Caio mas logo levanto
 Antes elas ouviram meu pranto
 Insultos se misturam com singultos do golpe
 Claudicante clássico
 Desistiram do murmuré sem medula
 Com minha clavícula
 Casulo para o impudico
 Casual encontro glabro com o poste obliterado
 Deixo a sarjeta sem agrado
 Ciumenta do descalabro
 Regresso ao ponto de partida
 Algo clarifica o mastro
 Meu quarto
 A ferida
 Talvez o giroflex da polícia
 Faço polichinelo na cozinha
 Chamo a atenção da vizinha 
 Acostumada com a anestesia
 No chão do quarto
 Erguia-se uma coluna de livros ordinários 
 Sublevar um bulevar é mesmo necessário
 No último ato 
Deito com um paralelepípedo
 Reclamou de minhas vibrissas
 Ainda atiça
 Quase empedro.


                                    EPR

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