FIM DO ANO
André Carneiro
O futuro é um pássaro assustado
na direção da minha testa.
Recuo, às vezes, mas a terra
gira satélites implacáveis.
Calendários são
asas na madrugada
Dissolvidas à meia noite.
Enterro o relógio,
misturo a matemática,
não adivinho se é sábado, aniversário
ou desfile da independência ou morte,
Chove, as nuvens surpresas
escorrem no cimento,
a terra seca morre sepultada
com seus olhos de areia.
Algumas espécies desaparecem hoje,
os lemingues engolem as ondas
no suicídio inexplicável.
Perdemos o centro do universo,
abandonados pelos deuses
somos primatas apenas.
Falta o alienígena descer
da nave resplandecente
e partir de novo movendo
frustrados tentáculos.
Nossa escrita
nem golfinhos
compreendem,
mas decifro a língua
da abelha dançarina.
Há muita esperança no amor.
Todos se cumprimentam,
mostram dentes limpos,
presentes com largas
fitas vermelhas.
Escrevo o poema adolescente
esquecido na minha inocente cabeça.
Calêndulas não se preocupam com o calendário
Início no fim
Nada é linear
Poesia dentro do caleidoscópio
Calei na celeuma
A lei obriga o caos
Caso você apareça
Estarei aqui
Números com úmero
Cardinais com cardo
Deixo a corda
Ela responde
Números são sicários ao escravizar relógios
A calema no clepsidra atrai o surfista
Afoga o cipreste na onda
Este veste sua beca de espuma
Não é como colúria
Mas ainda existe volúpia
Algarismos com algas
Minha metade mar se manifesta
Marejaram-se-lhe todos os interstícios
Mesóclise do meso
A angústia emanando de cada poro
Não adianta se opor ao Meari.
Ednei P.Rodrigues
Início no fim
Nada é linear
Poesia dentro do caleidoscópio
Calei na celeuma
A lei obriga o caos
Caso você apareça
Estarei aqui
Números com úmero
Cardinais com cardo
Deixo a corda
Ela responde
Números são sicários ao escravizar relógios
A calema no clepsidra atrai o surfista
Afoga o cipreste na onda
Este veste sua beca de espuma
Não é como colúria
Mas ainda existe volúpia
Algarismos com algas
Minha metade mar se manifesta
Marejaram-se-lhe todos os interstícios
Mesóclise do meso
A angústia emanando de cada poro
Não adianta se opor ao Meari.
Ednei P.Rodrigues
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