URBE
hoje na minha boca
não cabem girassóis
cabe um poemapodre
cheiro de mangue capibaribe
um poemaponte
galeria esgoto chuvas de abril
um poemacidade
fumaça ferrugem fuligem
hoje na minha boca
cabe apenas o poema
o poema hóspede da agonia
Cida Pedrosa
Anagramas urbanos
Virga na Viga
A ferrugem nos Gerânios
Carepa na pêra
Difundo o ferro fundido maléavel
Abono o carbono
Adarga para a fuligem
Não quero quermes
Mais queratina,como baratas
Diafragma indiferente ao magma
Abortam Tambora
Ver Vesúvio de um outro ponto de vista
Sob o garrote,respiro
Decote mostra outra pleura puelar
Turba que turva minha solidão
Ianques na esquina
Exijo guelras,e a evolução
Para singrar nesse esgoto
Poluição em Pólux
Clama com o camal
Notei à noite sem estrelas
O legado de Algedi foi o algedo
Solicitei à degola.
Ednei P.Rodrigues
Glossário:
virga:Em meteorologia, Virga, também conhecida por "Chuva Invisível" ou "Chuva Fantasma"é um tipo de precipitação que cai de uma nuvem mas evapora-se antes de atingir o solo enquanto está ainda a cair, num fenômeno que acontece principalmente em períodos/locais de ar seco.
carepa:fuligem
Tambora;vulcão na ilha de Sumbawa, Indonésia, com 2850 m de altitude
Pólux;estrela
camal:proteção que perfazia parte da armadura de guerreiros durante o período medieval; sua função era proteger a cabeça do indivíduo
Vulcões
Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha.
No entanto que fogo, que lavas, a montanha
Oculta no seu seio de lividez fatal!
Tudo é quente lá dentro… e que paixão tamanha
A fria neve envolve em seu vestido ideal!
No gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…
Assim quando eu te falo alegre, friamente,
Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha
Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!
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