domingo, 15 de março de 2015

Manifesto do Estro



Revolução

Sophia de Mello Breyner Andresen,"O Nome das Coisas"


Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação.




Revolução Interior

Ednei Pereira Rodrigues

Zaragata do atado a devaneios
Ataúde pérvio
O coma da gnoma
Evoluir atráves da gnose
Não freme com o godeme
A goga do gougre
Atear o atenuante
Atípico Atrito
Quando uma atriz governa
A atrofia do atroz
Renite e não renúncia
Impeachment mentado
Onde impera o impene
Um imperfeito império
A fagulha da espórtula
Adianta a adiafa do afano
Propicia Propina
Proporcional ao progresso
Propeli o propósito
O prolapso do que penso.



Glossário estrambótico
 zaragata:desordem, confusão, algazarra
Gnoma:provérbio
Gnose: Conhecimento ou sabedoria; ação de conhecer, de saber.
Godeme:Murro na cara.
goga:valentia
gougre:se vistir mal
mentado:pensado
adiafa&espórtula:propina




Terceira Idade

Mário Dionísio

Pior que não Cantar
Pior que não cantar
é cantar sem saber o que se canta

Pior que não gritar
é gritar só porque um grito algures se levanta

Pior que não andar
é ir andando atrás de alguém que manda

Sem amor e sem raiva as bandeiras são pano
que só vento electriza
em ruidosa confusão
de engano

A Revolução
não se burocratiza



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