Aeromoça, em sua folga, lê Nika Turbiná. Não vejo isso como uma provocação; ela não consegue nem em seu descanso desvencilhar-se de seu trabalho. Este sobrenome é uma homenagem para mim, uma reverberação íntima da minha essência, servindo como uma expressão autêntica da minha herança, valores e singularidade. Turbinas merecem mais respeito, pois são o coração pulsante da engenharia, motores de inovação e progresso, impulsionando não apenas máquinas, mas também a evolução constante da tecnologia e da eficiência. Evidente sua aerofobia, o desconforto, coração acelerado. Não espere de mim muitos afetos, minha reserva emocional é contida e meticulosamente guardada, não se precipitam em quedas vertiginosas. Prefiro uma ascensão gradual, como as lâminas de uma hélice cortando o ar em busca de estabilidade. Minha essência não se encaixa na condição de ninho, sugo pássaros e nuvens. Em meu universo de rotações incessantes, não há margem para a indecisão. Observo o mundo através de sensores aguçados, analisando padrões, identificando variáveis, mas nunca me perdendo na teia complexa de sentimentos humanos. Não experimento a euforia da alegria nem a melancolia da tristeza. Sou uma testemunha impassível dos eventos que ocorrem ao meu redor, uma testemunha que nunca pisca nem desvia o olhar. Não vejo beleza em suas plumagens coloridas, precisam de tudo isso para voar? Me parece uma necessidade extravagante, ostentação supérflua em minha análise pragmática; minha fuselagem é mais eficiente contra as intempéries. Cortando o éter com a serenidade metálica que me é peculiar, pairando entre as nuvens, sou uma espectadora imperturbável de uma paisagem em constante mutação, testemunhando a história se desdobrar em padrões complexos e sutis sob e sobre mim.
sexta-feira, 5 de abril de 2024
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