sexta-feira, 5 de abril de 2024

Monólogo de uma turbina

Aeromoça, em sua folga, lê Nika Turbiná. Não vejo isso como uma provocação; ela não consegue nem em seu descanso desvencilhar-se de seu trabalho. Este sobrenome é uma homenagem para mim, uma reverberação íntima da minha essência, servindo como uma expressão autêntica da minha herança, valores e singularidade. Turbinas merecem mais respeito, pois são o coração pulsante da engenharia, motores de inovação e progresso, impulsionando não apenas máquinas, mas também a evolução constante da tecnologia e da eficiência. Evidente sua aerofobia, o desconforto, coração acelerado. Não espere de mim muitos afetos, minha reserva emocional é contida e meticulosamente guardada, não se precipitam em quedas vertiginosas. Prefiro uma ascensão gradual, como as lâminas de uma hélice cortando o ar em busca de estabilidade. Minha essência não se encaixa na condição de ninho, sugo pássaros e nuvens. Em meu universo de rotações incessantes, não há margem para a indecisão. Observo o mundo através de sensores aguçados, analisando padrões, identificando variáveis, mas nunca me perdendo na teia complexa de sentimentos humanos. Não experimento a euforia da alegria nem a melancolia da tristeza. Sou uma testemunha impassível dos eventos que ocorrem ao meu redor, uma testemunha que nunca pisca nem desvia o olhar. Não vejo beleza em suas plumagens coloridas, precisam de tudo isso para voar? Me parece uma necessidade extravagante, ostentação supérflua em minha análise pragmática; minha fuselagem é mais eficiente contra as intempéries. Cortando o éter com a serenidade metálica que me é peculiar, pairando entre as nuvens, sou uma espectadora imperturbável de uma paisagem em constante mutação, testemunhando a história se desdobrar em padrões complexos e sutis sob e sobre mim.

                                                                                       



O limite dos meus sonhos ainda não veio.

 Eu vagueio pela vida como uma criança pequena na folha branca,

 lançando uma alma no abismo da esperança.

 Ela cairá, golpeada por um golpe que pode cantar assim,

 que novas palavras virão, simples, gentis, que não têm análogos.

 

Nika Turbina

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                                       Nika Turbiná

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