Dor elegante
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Andasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra
Paulo Leminski
PAIN
Em francês é edível
O trigo anagramático contra o silêncio
Grife para a grief
Louvável o esforço
Não precisava de tudo isso
Luxo para um debuxo
Pompa para o que estrompa
Rompa com a resistência do óbvio
Ostenta a ostealgia
O latejo foi como um sismo
Não culpe o rebo por causa da rebocrania
A hemicrania prefixal
E a metade de suas perdas
A cefaleia em pupa
Transformou-se em céfala
A enxaqueca prefixal queria encher o espaço vazio
Saturar anagramático para se atrusar no vácuo
Surtara antes do sol a pino
Antes da heliose será sombra.
Ednei Pereira Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário