sábado, 12 de maio de 2018

Plágio de mim mesmo




Litólatra


Só as pedras da rua da matriz me entendem
Ando taciturno ultimamente
Freia um táxi em minha frente
O chofer e a freira não percebem
O chofre por causa do chope
Caio mas logo levanto
Antes elas ouviram meu pranto
Insultos se misturam com singultos do golpe
Claudicante clássico
Desistiram do murmuré sem medula
Com minha clavícula
Casulo para o impudico
Casual encontro glabro
Com o poste obliterado
Deixo a sarjeta sem agrado
Ciumenta do descalabro
Regresso ao ponto de partida
Algo clarifica o mastro
Meu quarto
A ferida
Talvez o giroflex da polícia
Faço polichinelo na cozinha
Chamo a atenção da vizinha
Acostumada com a anestesia
No chão do quarto
Erguia-se uma coluna de livros ordinários
Sublevar um bulevar é mesmo necessário
No último ato
Deito com um paralelepípedo
Reclamou de minhas vibrissas
Ainda atiça
Quase empedro.


                                 EPR  

Inspiração trágica



http://gazetanews.com/predio-de-24-andares-desaba-apos-incendio-no-centro-de-sp/

Litólatra

Não culpe a pedra
Se ela tivesse asas,não estaria ali
Não chute a pedra
Ninguém merece tal vilipêndio
Repara que o céu se abriu
É nuvens servem de conforto
O índigo profligou o gris
Não adianta exigir refrigério do urbano
Agora que tudo é refringente
Vamos refrondar nosso catre
E sonhar com Aglaias
Bosquejar um bosque
Sem se importar com a catrefa
A tarefa de sobreviver está ficando cada vez mais difícil
Sem poesia nada faz sentido
Por isso aceito doações de metáforas
Fico te devendo um devaneio,disse um passante
Não rejeito a rímula que veio por engano no lugar da rima
Vontade de ser Rimbaud
A poesia não precisa disso para existir.

                                                                      EPR

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