Esta esperança vã, doce tormento,
Com que amor lisonjeiro determina
Acumular estragos à ruína
Por levantar padrões ao escarmento,
Foi crepúsculo breve de um momento,
Delicado jasmim, frágil bonina,
Rosa, que se murchou duma aura fina,
Vidro, que se quebrou de um leve vento.
Morreu minha esperança às mãos de um rogo
E nas cinzas se alenta o meu cuidado,
Que amor nos impossíveis mais se inflama:
Mas se a esperança é ar, e amor é fogo,
Justo é que nela cresça o meu agrado,
Pois ao sopro do vento cresce a chama.
Cleistes (flor que dura só um dia)
Efemérides
Só mais um dia, e tudo se acaba
Efêmero como Cleistes
Quis ser Fênix com vestido de albene
Quiçá quiçoçoria
Para fazer a operação rescaldo
Tafetá afeta a inércia perene
Especulo séculos
O tempo é sicário
Detalhes ignorados
Falta alguma coisa
Minutos sem minúcias
Deixa tudo oneroso
Céu aberto sem minuano
Mesmo que você concorda
Com o concorde
Turbina na tribuna
Sem intubar o intruso
O antevoar avarento
Norteava shamal no leque
Pavão se esconde no arco-íris.
Ednei P.Rodrigues
Ednei P.Rodrigues
Glossário:
Tafetá é um tecido de seda trançado.
quiçoçoria avê da África
shamal:vento
shamal:vento
Que acendes nossa máquina vivente,
Que fazes nossa vista refulgente
Com eléctrico gás, com subtil flama:
A nossa construção por ti se inflama;
Por ti, o nosso sangue gira quente;
Por ti, as fibras tem vigor potente,
Teu vivo ardor por elas se derrama.
Tu, Fogo animador, nos vigorizas,
E à maneira de um voltejante rio,
Por todo o nosso corpo te deslizas.
O homem, só por ti tem força e brio
Mas, se tu o teu giro finalizas,
Quando a chama se apaga, ele cai frio
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
Que fazes nossa vista refulgente
Com eléctrico gás, com subtil flama:
A nossa construção por ti se inflama;
Por ti, o nosso sangue gira quente;
Por ti, as fibras tem vigor potente,
Teu vivo ardor por elas se derrama.
Tu, Fogo animador, nos vigorizas,
E à maneira de um voltejante rio,
Por todo o nosso corpo te deslizas.
O homem, só por ti tem força e brio
Mas, se tu o teu giro finalizas,
Quando a chama se apaga, ele cai frio
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
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