Languidez
Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes de Anto,
Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar ...
E a minha boca tem uns beijos mudos ...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar ...
Florbela Espanca,"Livro de Mágoas"
Anagramas eróticos
Será Drósera irascível ?
Lucarna para a Lacuna
Nu da nucela
Talvez lucena
Maçã como maça
Macabro labro
Grande lande para a gula
Lavrada para ser fértil
Gleba da glande
Pórtico aórtico pulsante
Quando o priapo é o gorje
Seu pronau sensual
Fiz um cântico para seu ântico
Prodomo do protomo que domo
Umbral brumal não range
O eco dos teus gemidos rompe o silêncio
Ah!não confundir com Há
Há sentimentos no olhar?
Não era açucena
Nem habena da fáscia do tórax dos insetos
Chicote para flagelo.
Ednei Pereira Rodrigues
É cálida flor
e trópica mansamente
de leite entreaberta às tuas
mãos
feltro das pétalas que por dentro
tem o felpo das pálpebras
da língua a lentidão
Guelra do corpo
pulmão que não respira
dobada em muco
tecida em sua água
Flor carnívora voraz do próprio
suco
no ventre entorpecida
nas pernas sequestrada
Maria Teresa Horta
e trópica mansamente
de leite entreaberta às tuas
mãos
feltro das pétalas que por dentro
tem o felpo das pálpebras
da língua a lentidão
Guelra do corpo
pulmão que não respira
dobada em muco
tecida em sua água
Flor carnívora voraz do próprio
suco
no ventre entorpecida
nas pernas sequestrada
Maria Teresa Horta