Conclusão a sucata
Fernando Pessoa
Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo...
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões práticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou ?
Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou...
Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo...
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões práticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou ?
Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou...
foto de Carlos Eduardo Savasini Ferreira http:carlossavasini.blogspot.com
Mínimo Mínio
Ednei Pereira Rodrigues
A ferrugem adianta o Outono
A ferrugem adianta o Outono
Deixa tudo monocromático
Deixo oxidar as oxítonas sem oxigênio
Quando a cidade faz a sua ecdise
A sucata como sôfrego pespego
Tudo pela sucessível inércia
Sem motor para impor rumor
O capô faz complô com a morte e resiste
A congoxa da congosta em mais um congestionamento
O aziúme que abre a chaga da azinhaga
A centelha da quelha frenética
Lanha o lânguido Landau na ladeira
O monza moído no topo da montanha de ferro
Belina como beliche para um sonho bélico
A seda do sedan não disfarça os séculos
Ainda existe um pouco de suavidade
O corrossivo serve de tugúrio para mendigos
Não resolve o problema de habitação
Alguns ainda preferem o papelão por mais conforto
Ser característico caracol,quando a aparência pouco importa.
Deixo oxidar as oxítonas sem oxigênio
Quando a cidade faz a sua ecdise
A sucata como sôfrego pespego
Tudo pela sucessível inércia
Sem motor para impor rumor
O capô faz complô com a morte e resiste
A congoxa da congosta em mais um congestionamento
O aziúme que abre a chaga da azinhaga
A centelha da quelha frenética
Lanha o lânguido Landau na ladeira
O monza moído no topo da montanha de ferro
Belina como beliche para um sonho bélico
A seda do sedan não disfarça os séculos
Ainda existe um pouco de suavidade
O corrossivo serve de tugúrio para mendigos
Não resolve o problema de habitação
Alguns ainda preferem o papelão por mais conforto
Ser característico caracol,quando a aparência pouco importa.
Glossário:
ecdise:Ato de soltar ou perder o tegumento, como no caso de certos insetos, a
pele nas serpentes, a pelagem em certos mamíferos e a plumagem entre as
aves; muda. Antôn: êndise.
pespego: O que embaraça ou causa incômodo; estorvo.
congoxa:Angústia
congosta:rua estreita e comprida
azinhaga:caminho estreito
quelha:rua estreita
lanha:(lanhar)machucar,ferir
tugúrio:casa velha
O Homem de Ferro
Marcos Prado
Êxtase sob dureza!
Voltemos à idade do ferro!
Ferro! Sobre ferro!
Não haverá terra pra suportar o que peso!
Morte lenta a quem enferruja!
Abelhas dentro da armadura!
Merece chumbo a cultura!
Um homem se conhece pelo tamanho da ferradura!
Não haverá mais remédios!
Os belos serão os bélicos!
Elmos no lugar de cérebros!
O ferro-velho tomará os cemitérios!
Marcos Prado
Êxtase sob dureza!
Voltemos à idade do ferro!
Ferro! Sobre ferro!
Não haverá terra pra suportar o que peso!
Morte lenta a quem enferruja!
Abelhas dentro da armadura!
Merece chumbo a cultura!
Um homem se conhece pelo tamanho da ferradura!
Não haverá mais remédios!
Os belos serão os bélicos!
Elmos no lugar de cérebros!
O ferro-velho tomará os cemitérios!
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