quarta-feira, 9 de julho de 2014

Desordem e regresso





Entre o Bater Rasgado dos Pendões

Entre o bater rasgado dos pendões
E o cessar dos clarins na tarde alheia,
A derrota ficou: como uma cheia
Do mal cobriu os vagos batalhões.

Foi em vão que o Rei louco os seus varões
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia.
Água que mão infiel verteu na areia —
Tudo morreu, sem rastro e sem razões.

A noite cobre o campo, que o Destino
Com a morte tornou abandonado.
Cessou, com cessar tudo, o desatino.

Só no luar que nasce os pendões rotos
’Strelam no absurdo campo desolado
Uma derrota heráldica de ignotos. 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"



Nocaute

Ednei Pereira Rodrigues

No fim da tarde a tareia
Tunda até no Túnel
Sumanta em suma
Sunfa no sundo
Todo suor supérfluo enalteceu o esforço
Fubeca para fulgir a fuligem
Mútua muxinga
Aos vencidos o venefício
Nação sem Noção
Acorda que á realidade é outra
Toda entropia desse entrudo sem fim
Todo esse entulho não cabe no alcatruz
Política de avestruz
Corrupção que corrói
Fato corriqueiro que não se corrige
Suborno de um substantivo para subterfúgio do concreto
Desbarato como ornato.


Glossário:

São sinônimos de derrota todas as palavras:tareia,Tunda,Sumanta, Sunfa,muxinga

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