ICEBERG (Paulo Leminski)
Uma poesia ártica,
claro, é isso que desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não. Nenhuma,
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.
Nivelar o níveo
Tudo é lepra
Qualquer matiz lépida
Contém caligem
E o verniz que escorre do nariz
Para brunir a bruma
Flocos de neve para florir mogorim(rosa branca)
Todo remorso no dorso
Avalanche para avaliar o grau da chaga
Isopor para iceberg falso
Alude para ludibriar o lúgubre
Eclipsar a cretina retina
Encanecer é necessário
Extrair o látex que corre por minhas veias
Borracha que não extingue achaques
Madeira para o ádito dentígero que range
Hipotermia como hipótese
Para convalescer da cirurgia total de prótese.
Uma poesia ártica,
claro, é isso que desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não. Nenhuma,
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.
Nivelar o níveo
Tudo é lepra
Qualquer matiz lépida
Contém caligem
E o verniz que escorre do nariz
Para brunir a bruma
Flocos de neve para florir mogorim(rosa branca)
Todo remorso no dorso
Avalanche para avaliar o grau da chaga
Isopor para iceberg falso
Alude para ludibriar o lúgubre
Eclipsar a cretina retina
Encanecer é necessário
Extrair o látex que corre por minhas veias
Borracha que não extingue achaques
Madeira para o ádito dentígero que range
Hipotermia como hipótese
Para convalescer da cirurgia total de prótese.
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