terça-feira, 9 de julho de 2013

Natureza Morta



Primeiro tudo que me inspira:

Solitário

Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta,

Por trás dos ermos túmulos, um dia,

Eu fui refugiar-me à tua porta!


Fazia frio, e o frio que fazia

Não era esse que a carne nos conforta...

Cortava assim como em carniçaria

O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!

E eu saí, como quem tudo repele,

- Velho caixão a carregar destroços -




Levando apenas na tumbal carcaça

O pergaminho singular da pele

E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos





Inscrição para uma Lareira


“A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida…”

Mario Quintana





A solidão mostra o original,a beleza ousada e surpreendente,a poesia.Mas a solidão também mostra o avesso,o desproporcionado,o absurdo o ilícito.
Thomas Mann


Agora de minha autoria:




Verde Escuro

Acesso o avesso espesso
Regresso ao espiral
O Conserto da concha
Simples silêncio
Isolamento acústico
Quando tudo é cáustico
Não foi a fênix
Escorre látex no lençol freático
O fragor da franja
Tudo que freia
A síndrome da sirene
Ninguém buzina para os búzios
Por esta freima
Cautela no caule
Pois os troncos estão retorcidos
Para um ângulo oblíquo.






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