sexta-feira, 15 de julho de 2011

Charles Baudelaire


O tonel do Ódio
Charles Baudelaire
O ódio é como o tonel das Danaides perjuras;
Febrilmente, a Vingança, os braços retesados,
Desse vácuo arremessa as solidões escuras,
Baldes cheios do pranto e sangue dos finados…

Nesse antro o Diabo fez secretas aberturas,
Por onde, sem cessar, esforços prolongados
Se escoariam…pudesse a Vingança, em diabruras,
Dar vida aos mortos para ainda serem sangrados!

O ódio é um bêbado vil num canto de taverna!
Sempre sentindo mais a sede da bebina,
A se multiplicar, bem como a hidra de Lerna…

Mas, sabe o ébrio feliz O ódio é como o tonel das Danaides perjuras;
Febrilmente, a Vingança, os braços retesados,
Desse vácuo arremessa as solidões escuras,
Baldes cheios do pranto e sangue dos finados…

Nesse antro o Diabo fez secretas aberturas,
Por onde, sem cessar, esforços prolongados
Se escoariam…pudesse a Vingança, em diabruras,
Dar vida aos mortos para ainda serem sangrados!

O ódio é um bêbado vil num canto de taverna!
Sempre sentindo mais a sede da bebina,
A se multiplicar, bem como a hidra de Lerna…

Mas, sabe o ébrio feliz quem o traz subjugado;
Enquanto o ódio é coagido a esta sorte, na vida,
De não poder, jamais, dormir embebedado!
quem o traz subjugado;

trad.: Álvaro Reis


Essa Depois Dessa

Hora Extra

Espero o desespero
O monumento pede um momento
Este pigmalionismo
Seria normal
Se não fosse a pidalgia
Este azáfama
Seria célebre
Se não fosse célere
Nenhum massagista para a faixa de pedestre
Estas azaléias estariam mais belas
Se fosse Primavera
Se não fosse a poluição
Se não fosse o florífago
As flores de plástico morrem com a chuva ácida
A janela do último pavimento
Sempre suja
Aprende a chorar
Não lembra Suiça
Sequer as moscas
Lembrar-se-ão Moscou
No balde o sangue de Baudelaire
Não recorda França
A fraga seria frágil
E eu franco.

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