terça-feira, 7 de julho de 2009

Manuel Bandeira


Minha Homenagem a Manuel Bandeira
Paraty não e aqui

CONFISSÃO

Se não a vejo e o espírito a afigura,
Cresce este meu desejo de hora em hora...
Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,
O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.

Cuido contar-lhe o mal, pedir-lhe a cura...
Abrir-lhe o incerto coração que chora,
Mostrar-lhe o fundo intacto de ternura,
Agora embravecida e mansa agora...

E é num arroubo em que a alma desfalece
De sonhá-la prendada e casta e clara,
Que eu, em minha miséria, absorto a aguardo...

Mas ela chega, e toda me parece
Tão acima de mim...tão linda e rara...
Que hesito, balbucio e me acobardo.

Manuel Bandeira


Isso e nada e a mesma coisa

Derrepente derretido
Derrepente como se fosse um repente
Desapareço sem seu apreço
Em um eco seu
Um já vai tarde
Que você disse com os olhos
Agora na minha ausência
Decifra-me enquanto ainda te fustigo
Resquícios do brilho de ódio do meu olhar
Luz viva e cintilante de um fogo maligno
Rancor profundo e duradouro
De um vulcão vulpino
Em erupção quase estouro
Lava que lava minha alma
Que cai sob a forma de gotas
Mágoa que te acalma
Pálidas lágrimas incandensentes
Feridas escondidas em rimas
Incógnitas incolores te incomodam?
Quando não existe qualquer tipo de reciprocidade
O que eu sinto não te interessa
Por isso minto com seriedade
Como se fosse uma verdade que confessa
Que olvidei você ouvindo Jazz
Escusa neste vazio sensorial
Entre devaneios insanos
Ressurjo das cinzas como uma fênix
E para sua tristeza
Infelizmente ainda estou vivo
Felizmente eu sinto tudo
Amor eu não sinto.

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