quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Persistência da Memória - Salvador Dali




Ampulheta

As horas se esvaem
Até o vestido tem rugas
Desbotado o bordado de tartarugas
Estuga a viagem
E ao mesmo tempo
Que sentia um certo receio pelo futuro
Sentia falta do segundo anterior que apuro
Inseguro comtemplo
Os detalhes da paisagem
Tudo nunca seria o mesmo
Amanhã tudo alternado à esmo
Alterno momentos de estiagem
Com instantes de entusiasmo
É hipocondria
Ao trazer à memória
Quase todo o passado em um espasmo
Eu não era o mesmo que ontem
O ano não era igual
Algumas coisas sumiram no quintal
Sem mais nem menos este desdém
Outras desapareceram por algum motivo
Nem tudo fica guardado na lembrança
E o culpado e o tempo que avança
Não descansa no infinitivo
Lúcia ainda lúcida
Não lembra mais do seu nome
Escolheu um codinome
Para sua alma perdida
É quando eu faço alusão aos relógios
Sempre calculando
Sempre multiplicando
Sem elogios
Um segundo atrás do outro
Não se confundem
Nessa lassitude
Que usufruto
Não se enganam com os zeros
Nem quando ficamos dizendo
Ao seu lado adendo
Diferentes números
Tudo passa
Algumas coisas passam rápido demais
O paquete não para mais no cais
Tudo assa
Outras ficam por fazer
Poesias pela metade
Empresta está sua complexidade?
Resta vir a ser
As árvores demoram para crescer
Algumas nem chegam a dar frutos em nossa época
Não importa a boca
Alguém os comerá com prazer
Alguém irá lembrar de mim
Sempre haverá histórias
Alegrias vazias
Sempre restará um pouco de gim
De bebida nas garrafas
De cinzas no meu esquife
Nos cinzeiros e nos recifes
Escolho esse escolho que me abafa
Quando não está mais na moda
Sentir está dor que acomoda
E safa.

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