São tristes os meus dias com pedras
em lugar de mãos
ou a cabeça funda na brancura
de través do travesseiro
e o corpo depresso em moles guindastes.
São dias de chorar por menos
ou teimar queixoso com um crânio polido,
batuque convexo
no muro demorado.
Ficar a ouvir o sangue,
o som tubular do sangue. Ao vale seco
da clavícula atrair a água, o sangue
e sorver a sopa intestina
ou se o líquido escapa à boca
tantálica, calar com argila
o que me pede água.
Ficar a palpar os buracos
da ausência, as ligas
da ausência, as ribanceiras
a que caem os pensamentos, a cor
dióspiro que banha a enfermidade
e em seguida tomar o pulso
evadido, travar o touro, o soco da dor,
o infinito infinitivo presente.
Uma amálgama de alma
migra no fôlego de modorrento
pregão de dor, o condor
passa e anda andino e é uma
traça asfixiante: faço um céu rarefeito,
a dispneia é um felino
que arranha céus
e a boca rebuliço espúmeo
expele o sabor da morte
e o que mais consiga cuspir
por entre ovéns e enxárcias
e traves quebradas.
É uma desilusão com as coisas,
uma desilusão funda com as coisas,
com o vazio meio-cheio das coisas.
Meu fôlego um fólio cheio
de silêncio, uma catástrofe natural
um vulcão: no meu pulmão pôr lava
e no trovão treva.
Daniel Jonas
Extraído do site: https://www.lyrikline.org/pt/poemas/saotristesosmeusdiascompedras-13089
Não deveria ter confiado em suas palavras,
Dizia que tudo vai se encaixar com a enxárcia
Não mais me submeterei às sombras dos seus desejos,
Agora terei que quilhar a metáfora
Agora enfrentaremos o que vai enfrenesiar,
Agora que está tudo disperso por aí
A firmeza das ideias nunca mais terá,
Talvez escrever sobre algo gelatinoso
A vaselina escorre,
Calma, não é nada lascivo
A laséguea não suporta mais o laser,
Lazer seria se a mente estivesse em paz
Preparando o terreno para a metáfora entrar no verso,
Agrar o agravamento
Argentina morre após injetar vaselina nos seios,
O corpo humano possui anticorpos para eliminar bactérias e vírus,
Entretanto, não dispõe de qualquer mecanismo de defesa contra esse tipo de substância
Tudo o que tem uma consistência mole será como um elmo,
Como se a maleabilidade fosse uma resposta natural ao caos
A mola interna proporciona mais flexibilidade,
O que tem uma substância mais visceral o acompanhará por toda a existência.
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