Monólogo de um hidrante
Tentaram me afogar outra vez e o motivo: incêndio. Pelo menos dessa vez foi um motivo justo, não foi vandalismo inconsequente de jovens que só querem diversão e alívio do calor. Vingança por terem desligado o chafariz, na chafeira que tudo se encontra. Talvez houvesse uma maneira de promover um entendimento mais profundo entre os seres humanos e eu. Talvez pudesse promover a conscientização sobre a importância da água e do uso responsável desse recurso essencial. Eu tinha potencial para servir como um catalisador para mudanças positivas na mentalidade da comunidade. Percebi que minha presença como um símbolo de consciência ambiental estava impactando as pessoas. Crianças olhavam para mim com curiosidade, enquanto adultos reconheciam o valor da água. A água que eu distribuía era muito mais do que um recurso; era um símbolo da vida, da necessidade de respeitar a natureza e de usar a água de maneira consciente. Todo esse mar estagnado sendo expelido, o esguicho esguio acerta o nicho e me sinto um gêiser, pretensão apenas de não depender de mãos humanas para o ímpeto. Sucedâneo onanismo quando a infertilidade é predominante invejo o teu deserto de dentro. Esparzir sem espasmo, toda espasticidade é premeditada na premência do cáustico. Sim, vai tudo evaporar, não se preocupe com as poças, rastro para o tarso me encontrar. Toda indolência te deixa frustrado. Vão emergir dos charcos, resquícios de mim.
Não tenho vícios
Não vou exagerar
A ausência de pulmão não é subterfúgio
Minha única dependência e pelo depérdito
Depauperar arredores
Deparável com o podálico
Não vou tossir está noite
Engasgar com o engástrio.
EPR