quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Anagramas hipocondríacos

 



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o que acabaria
com a dor
com a ferida
com o dia

espelhinhos por tesouros
iluminações nas entrelinhas
varandas para o nada


acabaria o dia assim
do nada
mais um dia assassinado


feito e finado
a sina não tem nada de limpa
o olhar nas ondas e a espuma branca no copo de cerveja


a ferida fincou
no chakra raiz
da hérnia dessa lida


no que me acabaria
na luz matutina, nos olhos no oceano
na virada do sonho à vigília


lá fora uma brisa boa
aqui dentro o calor do dia
o presente se faz enfeite


regalo de D’us
plataforma do sonho
abrigo do infinito


acabaria sem saber
onde porque e como
a  janta servida



abrigo de mim
acabaria
cantando pra ti



Rodrigo uriartt



Descarte inapropriado de refugos


Não sei se quero a cura
Convalescença com convalamarina
A curadoria é da solidão
O curanchim de japim que se formou
Semeia-se em um jardim onde rapidamente produz a autodisseminação
Está metáfora está imbuída em curare
E não se podia recuar
Diante da cruera
Cruelmente cruentar arredores
Safenar um coração que já parou
Deixando tudo sáfeo
O fluxo sanguíneo foi restabelecido
A posição vertical da curva está diretamente relacionada com a concentração de pigmento
Pigmeus estão por perto
Eles sabem como rastrear uma metáfora
Pigro sigro
Para se esquecer.

                                                    EPR



Dor elegante

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Andasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Paulo Leminski

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