O POETA ASSASSINA A MUSA
Há dez dias que Clotilde
— Uma das musas queridas —
Anda aborrecendo o poeta.
Aparece carinhosa;
De repente vira as costas,
Diz várias coisas amargas,
Bate impaciente com o pé.
Então o poeta aporrinhado
Joga álcool e ateia fogo
Nas vestes da musa.
A musa descabelada
Sai cantando pela rua.
Súbito o corpo grande se estende no chão.
Diversas musas sobressalentes
Desandam a entoar meus cânticos de dor.
Clotilde ressuscitará no terceiro dia,
Clotilde e o poeta farão as pazes.
Música! Bebidas! Venham todos à função.
— Uma das musas queridas —
Anda aborrecendo o poeta.
Aparece carinhosa;
De repente vira as costas,
Diz várias coisas amargas,
Bate impaciente com o pé.
Então o poeta aporrinhado
Joga álcool e ateia fogo
Nas vestes da musa.
A musa descabelada
Sai cantando pela rua.
Súbito o corpo grande se estende no chão.
Diversas musas sobressalentes
Desandam a entoar meus cânticos de dor.
Clotilde ressuscitará no terceiro dia,
Clotilde e o poeta farão as pazes.
Música! Bebidas! Venham todos à função.
Murilo Mendes
De O Visionário (1941)
Redução Expressiva
Arvorei seu nome
Larice agora tem galhos
Galhofa para quem perturbava o poeta
Estorvo do estro
Sem estroçar a estrofe
Mas Clarice não desistia
Queria ser musa de qualquer jeito
Usou até estrofantina na aurícula pusilânime
Na surdina injeta estrogênio no verso
Injeriza o bardo
Que num ímpeto de fúria
Ataganha o atalante
Em vão, Clarice é imortal
Sua alma se disfarça na lama
Na mala junto com as roupas
Na alínea é Eliana
Usa anagramas para o escamoteio
Imperceptível na perversão
Como um anjo granjo
Desarranjo do que eu penso.
Ednei P.Rodrigues
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