A leitura do poema
quando dizem “leia,
é um poema”, você respira
mais lentamente entre as orações.
mas não o dizem
e ainda assim
você percebe
não só pelos versos, há poesia
em prosa e sem metro, mas
se dizem, talvez você tente
contar em vão as sílabas
e ainda assim
não há dúvida de que se trata
de um poema, respira-se
o voo contido da divagação
há um estar-se e um alienar-se
de mãos dadas, você
e eu e o verso podemos
ter mãos e dá-las, e ainda
assim não comungarmos
a mesma mensagem, quando
dizem leia, é um poema
sem aspas, esqueça a teoria
é cadência apenas, veja
e um outro ritmo, a respirar
fundo, esse feito feito ar.
Leandro Jardim
A angústia da relevância
Não conseguia,com uma lanterna
No Sol a pino
Extinguir a sombra
Arremedo da minha inércia
Séquito que sequer pediu autorização
Cortejo sem cortéx
Cortesias da solidão que reluz
Reduz a expectativa de vida
Pode ser Esquizofrenia
Ou um ritual gnóstico
Mas já deu assim o diagnóstico
Tanto rútilo é exagero
Quando tudo é efêmero
Mero desespero sincero
O trem que não parou no gare
Gera áger em tempos de armistício
Gera poesia
Quando era para ser só uma frase de impacto
Não precisa muito para chamar a atenção
Vísceras expostas.
Ednei P.Rodrigues