Coração Polar
Manuel Alegre“Senhora das Tempestades”
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
***escrito após a leitura de Dalton Trevisan:O Cemitério de elefantes
Surrealismo erótico urbano
"Então, estranhamente, sem motivo algum, ele para no semáforo aberto"
Camaleônico
Ednei Pereira Rodrigues
Arco-Íris ábdito no semáforo
Magnífico vislumbre fulgente
Violento luculento ludibriante
A pulsação do punaré
Cróceo que relincha próximo do Jockey Club
Helianto contra hélices
Oferece Pucaçus como piáculo para o escuro
Helianto despetalado pelo pincel de Van Gogh
Olho com conjuntivite excretando pus
Malear a ramela amarela esverdeada
Alizarina que aliza a esquina
A ganza da granza
Ameaço o buzinaço com um abraço
Daltônico por causa de Dalton Trevisan
Contemplo a buldôzer que inuma o Airâvata
Fim de expediente,já pode afrouxar a gravata
Luzes da cidade inebriantes
Neon cria neologismos com o curto-circuito do R do Randevu
Cobalto refletido no asfalto
Quase um orgasmo
O verde de algo menálio
Revolta das cores na convulsão urbana
Todos contra o cinza ranzina.
Glossário:
ábdito:escondido,oculto
luculento:brilhante
Pucaçus:especie de pomba
piáculo:sacrifício
punaré:cavalo de pêlo amarelo
Cróceo:amarelo
Helianto:girassol
Alizarina:vermelho
ganza:maracá indígena
granza:vermelho
buldozer: Máquina de terraplenagem, composta por um trator
Airâvata:elefante divino(Hinduísmo)
Randevu:bordel,prostibulo
luculento:brilhante
Pucaçus:especie de pomba
piáculo:sacrifício
punaré:cavalo de pêlo amarelo
Cróceo:amarelo
Helianto:girassol
Alizarina:vermelho
ganza:maracá indígena
granza:vermelho
buldozer: Máquina de terraplenagem, composta por um trator
Airâvata:elefante divino(Hinduísmo)
Randevu:bordel,prostibulo