quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Tanta Viscosidade...


se no tranco do vento a lesma treme
o que sou de parede a mesma prega
se no fundo da concha a lesma freme
aos refolhos da carne ela se agrega
se nas abas da noite a lesma treva
no que em mim jaz de escuro ela se trava
se no meio da náusea a lesma gosma
no que sofro de musgo a cuja lasma
se no vinco da folha a lesma escuma
nas calçadas do poema a vaca empluma! 


Manoel de barros

Tenaz

Ednei Pereira Rodrigues

Era Noite ou Piche?
Chispa do Acrômico
Laser da Lesma Acrônica 
O Futuro da Fuligem
Fundura Fungiforme
Ostracismo para as Ostras
Só um dente dissidente
Dentadura no copo de água
Regozijo Aquífero
Tudo regulamentado
Regredir com a Regra
Reincorporar para reincidir
Oportuna  Oposição
Operário sem opinião
Oprimido sem Optar
A régua não consegue medir a distância que nos separa
Talvez seja vinte mil léguas submarinas
Verídico Júlio Verne
Vernal dos Vermes.



Elegia à Lesma
Carlos Saldanha Legendre.

NASCIMENTO

No começo
um só ponto
luminoso
no quintal.

Mal e mal
se percebe
o que gera
sobre a argila.

O olhar
busca o grão
que cintila
sobre o chão.

Tênue gota
vacilante
desse orvalho
que se anima

e desdobra
fecundado
como um óvulo
sideral

e veloz
multiplica-se
como espiga
sob o sol.

Do conúbio
dessas bolhas
eriçadas
em espasmos,

- doce orgasmo
das estrelas!,
brota a vida
em espuma.

Um vagido
já se escuta
como canto
dentre a bruma.

Não há sangue
não há ossos
nem fraturas
nem destroços.

Por ser lesma
é nascida
de si mesma,
com origem

primordial.
É tão virgem
como a cal
se expandindo

em bandeja
mineral.
Fogo-fátuo,
luz real

que rasteja
vida afora,
repelida.
Mas é vida!



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