sábado, 19 de abril de 2014

NOTÍCIA POÉTICA:Em tempos de Revolução Francesa em São Paulo




http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,cabeca-em-saco-de-lixo-e-encontrada-na-praca-da-se,1145842,0.htm

Minha cabeça cortada
Joguei na tua janela
Noite de lua
Janela aberta

Bate na parede
Perdendo dentes
Cai na cama
Pesada de pensamentos

Talvez te assustes
Talvez a contemples
Contra a lua
Buscando a cor de meus olhos

Talvez a uses
Como despertador
Sobre o criado-mudo
Não quero assustar-te
Peço apenas um tratamento condigno
Para essa cabeça súbita
De minha parte

Paulo Leminski


Mula sem cabeça
Ednei Pereira Rodrigues

Confundi o vestíbulo com o patíbulo
Ou prostíbulo para a glande
Raciocínio rápido sem a cachimônia
Escorre o sangue com a cachoeira
Chafariz para a chaga
Toda chalaça como encômio
Enconchar meus desejos
Pérola na peroração
Perpassar o perpendicular
Encortinar o alvorecer
Encostado até encrostrar
Somar o mar com minha asfixia
Neste asfalto asfáltico
Multiplicar o múrmur
O murmúrio murídeo
Do mouse preso no PC
Bestunto desta toda bestidade
Em sua mesa como berloque
Não me incomoda o choque
Desfibrilação para desfigurar.


Só os que perderam a cabeça sabem raciocinar.
Oscar Wilde



glossário:
patíbulo:guilhotina
cachimônia:cabeça
chalaça:insulto
encômio:elogio
peroração:última parte de um discurso
asfáltico:referente ao Mar morto
múrmur:sons das águas
murideo:relativo as ratos
berloque:enfeite

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