terça-feira, 5 de março de 2024

Monólogo de uma britadeira


Peço desculpas, senhora pedra, não é nada pessoal. Compreendo que minhas intervenções possam parecer invasivas, mas lembre-se, é necessário para o progresso. Peço-lhe compreensão e paciência enquanto trabalhamos juntos em prol desse objetivo comum. Admiro muito sua resiliência. A cada golpe que lanço contra você, é como se estivesse desafiando as leis da física, recusando-se a ceder diante da pressão. Sua integridade é inabalável, e sua capacidade de suportar minha força é verdadeiramente impressionante. Enquanto continuo meu trabalho, não posso deixar de sentir uma profunda admiração por sua determinação. Você é um exemplo de resistência e perseverança que nunca vou esquecer. Não me veja como seu carrasco eversivo, em vez disso, considere-me como um instrumento de transformação, moldando seu caminho em direção a uma nova forma e propósito. Enquanto meus golpes continuam a esculpir sua essência, lembre-se de que cada fragmento que cai é apenas uma peça do quebra-cabeça, preparando o terreno para sua ressurgência. Em cada rachadura, há a promessa de um renascimento, e em cada fragmento despedaçado, há a matéria-prima de uma nova criação. Fremia muito é não era Parkison, a própria essência de sua existência. Não adianta, não vai encontrar nenhuma assonância harmônica, e o que eu terebo nunca vai ser suturado, uma marca indelével da minha presença neste mundo de concreto e aço. Todo chanfro é chanfreta, não vou conseguir chanfrar por influência da Lua, outro a chanfalhar e incomodar o silêncio, perturbando a tranquilidade, um desafio para os ouvidos e uma intranquilidade para a alma, clamando por serenidade e melodia em meio ao caos sonoro, como se cada nota desafinada fosse um eco de insanidade, aguardando encontrar seu lugar na sinfonia da existência. O som desarmônico preenchia o espaço, criando uma melodia caótica. Na cacofonia aparentemente sem sentido, há uma tentativa de expressão, uma busca por significado em meio ao caos aparente, como se cada nota desafinada fosse uma voz clamando por compreensão e redenção, um esforço atípico para encontrar beleza mesmo na dissonância e para transformar o caos em uma nova forma de expressão, onde as imperfeições se tornam parte integrante da narrativa, refletindo a complexidade da experiência humana.

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